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Citrosuco lança metodologia para converter serviços ambientais em créditos de carbono para o agro

Citrosuco lança metodologia para converter serviços ambientais em créditos de carbono para o agro

Serão aplicadas métricas de prestação de serviços como conservação florestal, manejo sustentável e manutenção ou melhoria de qualidade de água e do habitat para a biodiversidade

09 de agosto de 2024

Mariza Louven

A Citrosuco, produtora brasileira de suco de laranja, está lançando uma metodologia de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) que vai gerar créditos de carbono para o agronegócio. A iniciativa está em consulta pública e depois estará disponível para qualquer produtor de cultura perene (que não precisa ser replantada após a colheita). Será apresentada, também, na Climate Week de Nova York, em setembro deste ano.

Segundo o head de ESG da Citrosuco, Orlando Nastri, a metodologia PSA Carbon Agro Perene da Citrosuco é uma ferramenta inédita, criada de acordo com os desafios e particularidades do agronegócio brasileiro, com atuação em culturas perenes, fortalecendo um mecanismo que reconhece e premia melhores práticas sustentáveis de acordo com frameworks internacionais.

O pagamento por serviços ambientais está previsto na Lei 14.119, de 2021, e é um mecanismo financeiro para remunerar produtores rurais, agricultores familiares, comunidades tradicionais e povos indígenas por serviços ambientais que geram benefícios para a sociedade. Entre eles, estão a conservação de vegetação nativa ou da restauração de áreas e florestas degradadas para melhoria da qualidade da água, a remoção de carbono, ou a melhoria da produção agrícola através da polinização, por exemplo.

“O PSA Carbon Agro Perene alinha conservação e produção sustentáveis, levando em conta as particularidades do agronegócio em culturas permanentes, como a laranja”, disse Nastri ao Carbon Report. Visa, ainda, o atingimento das metas de descarbonização da empresa.

Como funciona

O PSA Carbon Agro Perene é um programa de valoração, constituição e pagamento pelos serviços ambientais e constituição de créditos de carbono Plus (C+) em propriedades com parcelas de áreas nativas preservadas ou conservadas e parcelas destinadas à produção agrícola de cultivos perenes realizados de acordo com as boas práticas que favorecem a neutralização da emissão de gases de efeito estufa.

Para a remuneração dos produtores, são aplicadas métricas de prestação de serviços como conservação florestal, manutenção e melhoria de qualidade de água, manutenção de habitat para biodiversidade (fauna e flora), oferecimento de infraestrutura de suporte a boas práticas agrícolas, boas práticas de manejo sustentável, entre outras.

A medição dos Indicadores Ecossistêmicos e Indicadores de Práticas Agrícolas é a base de geração dos C+, que funciona como meio para o pagamento pelos serviços ambientais. Dessa forma, os serviços ambientais, uma vez reconhecidos, valorados e validados, tornam-se ativos transferíveis por meio do C+, que corresponde a uma tonelada de CO2.

Diferença em relação aos créditos REDD+

Segundo ele, o pagamento por serviços ambientais e os créditos de carbono gerados em projetos de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), negociados no mercado voluntário, são instrumentos distintos em método e governança, embora ambos premiem práticas sustentáveis. Os créditos REDD+ têm outra abordagem, conectada a plataformas de carbono como a Verra e foco na conservação de biomas específicos, como o da Amazônia.

A medição dos Indicadores Ecossistêmicos e Indicadores de Práticas Agrícolas é a base de geração dos C+, que funciona como meio para o pagamento pelos serviços ambientais, incentivando a conservação ambiental e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis.

Os serviços ambientais, uma vez reconhecidos, valorados e validados, tornam-se ativos transferíveis por meio do C+, que equivale a uma tonelada de carbono.

A iniciativa da Citrosuco está relacionada às metas da empresa de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 28% até 2030, nos escopos 1 e 2.
O PSA Carbon Agro é uma derivação de outra metodologia, o PSA Carbonflor, desenvolvida pela ECCON com contribuições da Reservas Votorantim, com o objetivo de geração de crédito de carbono pela conservação em áreas florestais.