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Acelem demanda US$ 384 milhões do Fundo Clima ao BNDES para fábrica de biocombustíveis em MG

Acelem demanda US$ 384 milhões do Fundo Clima ao BNDES para fábrica de biocombustíveis em MG

Investimento total de US$ 2,7 bilhões prevê implantação de floresta e área industrial em para a produção de um milhão de litros de combustível de aviação renovável a partir do fim de 2026

22 de maio de 2024

A Acelem Renováveis protocolou ontem (21/5) um pedido de US$ 384 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para deslanchar um projeto de produção de biocombustíveis em Minas Gerais. A informação foi dada nesta quarta-feira (22/5) pelo presidente da empresa, Luiz de Mendonça, segundo o qual os recursos solicitados ao banco devem ser oriundos do Fundo Clima.

O investimento total é de US$ 2,7 bilhões em dez anos, a maior parte no desenvolvimento da macaúba como substituta do diesel e do querosene de aviação de origem fóssil. Segundo ele, a previsão é começar a produzir no fim de 2026 ou início de 2027, inicialmente com outros óleos vegetais, enquanto a floresta de macaúba é implantada, o que pode levar até dez anos.

Mendonça participou, nesta quarta-feira (22/5), do seminário “Brasil 2050: Rotas de Descarbonização da Economia”, realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Óleos da macaúba

A iniciativa deve resultar na produção de um bilhão de litros de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) por ano. Esse total equivale a toda a produção mundial de SAF do ano passado, disse ele. Segundo Mendonça, só o compromisso de descarbonização da Europa até 2030 exigirá do continente 17,5 bilhões de litros de SAF, ou seja, “está todo mundo atrasado.”

A maior parte do investimento está ligado ao desenvolvimento e a criação de florestas de macaúba, uma árvore frutífera nativa da América do Sul que vem sendo estudada há 30 ou 40 anos. “É um projeto de open inovation. A gente foi buscar a Esalq, a Embrapa, a Universidade Federal de Viçosa, a Universidade da Califórnia Davis (UC Davis), a Universidade Cornell. Pusemos todo mundo sob contrato e falamos, olha, já vinha sendo estudado e aqui tem um potencial energético gigantesco.”

O projeto prevê o plantio de 180 mil hectares de macaúba. De acordo com ele, essa palmeira pode produzir até sete vezes mais litros de óleo vegetal por hectare do que a soja. “Essa floresta permanente vai capturar 60 milhões de toneladas de carbono em 30 ou 40 anos. No combustível, a redução das emissões é de 80%. O diesel 100% macaúba tem um custo potencial de 50% do diesel fossil”, afirmou.

Mendonça destacou que outros desafios são a legislação, a certificação e a segurança de toda a cadeia de fornecimento e a domesticação da macaúba.

O CEO da Acelem disse que, neste momento, está sendo construído o centro de inovação e tecnologia agrícola em Montes Claros, ao lado da Refinaria de Mataripe, dona da Acelem. A previsão de inauguração é no fim deste ano. O local reunirá todas as atividades relacionadas à tecnologia, genoma e produção das sementes que serão utilizados na primeira fazenda piloto, que já está sendo adquirida. A área de plantio, previsto para ser iniciado no fim deste ano, deverá ter cinco mil hectares.

A tese principal é de que o aumento de capacidade de produção de biocombustíveis como o SAF depende da integridade da cadeia produtiva. “Para que cada gota de diesel ou de querosene sustentável venha de cada fazenda ou árvore”, disse ele. “Esse é um desafio grande para o mundo inteiro, senão vamos estar nos enganando”, afirmou. “Fazer uma planta dessas é fácil. Todo mundo faz. A Petrobras tem um domínio gigantesco, a gente já fez, tem 40, 50 planos no mundo”, disse.

“Estamos falando de um dos maiores projetos de diesel renovável e querosene sustentável de aviação. Por que que eu falo dos dois? Porque a planta que nós vamos construir é flexível”, acrescentou. “Podemos produzir um ou outro, dependendo do que quer que seja, como arbitragem do mercado, interesse do mercado, de o mercado estar mais ou menos maduro.”