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Adiamento de lei antidesmatamento da UE deve ser aproveitado para aprofundar discussão, diz IPAM

Adiamento de lei antidesmatamento da UE deve ser aproveitado para aprofundar discussão, diz IPAM

Geração de informação e análises são necessárias para melhoria da implementação de uma maneira engajadora e não unilateral

03 de outubro de 2024

A proposta da Comissão Europeia de adiar a aplicação da lei antidesmatamento para 30 de dezembro de 2025, em vez do final deste ano, como estava previsto, oferece tempo para aprofundar a discussão, produzir informação e análises para a melhoria da implementação da regra de maneira engajadora e não unilateral. A avaliação é do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), segundo o qual a medida atingiria os pequenos e médios produtores.

A regulamentação sobre desmatamento da União Europeia cria barreiras para a entrada de produtos oriundos do desmate legal ou ilegal no mercado europeu. Sua aplicação estava prevista para iniciar em 30 de dezembro de 2024.

Segundo o Ipam, um dos efeitos rebote da implementação da regra por parte do mercado europeu, sem o devido engajamento e participação no processo, é a possibilidade de vazamento da produção de commodities para outras regiões, como os Estados Unidos e a China, compradores do Brasil.

“São os pequenos e médios produtores das cadeias do cacau, do dendê, da soja, do gado, do couro, que vão sentir os impactos do regulamento da União Europeia. Quem é grande tem estrutura para se adequar, pode até já ter feito isso, e não vai sentir o baque. Precisamos usar este tempo para aprofundar a discussão e produzir conhecimento visando melhorias na implementação, de forma a engajar os diferentes atores, e com diálogo, para que não seja algo unilateral”, avalia André Guimarães, diretor executivo do IPAM.

O comunicado do adiamento do início da lei antidesmate foi divulgado pela Comissão Europeia nesta quarta-feira (2/9), em resposta a pedidos de reconsideração do prazo por países como Indonésia, Costa do Marfim, Estados Unidos, Brasil e até mesmo de nações europeias, a exemplo da Alemanha.

Para o IPAM, a necessidade de maior definição sobre o funcionamento e de instrumentos para adequação dos países fica latente. “Acabar com o desmatamento e reduzir as emissões de gases do efeito estufa advindas da perda de vegetação é imperativo, porém, a tradição para uma economia de baixo carbono não pode acentuar a pobreza, tampouco as desigualdades”, acrescenta Guimarães.

Um dos efeitos rebote da implementação da regra por parte do mercado europeu, sem o devido engajamento e participação no processo, é a possibilidade de vazamento da produção de commodities para outras regiões, como os Estados Unidos e a China, compradores do Brasil.