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Brasil vai defender no G20 diversidade de opções que incluem petróleo na transição energética

Brasil vai defender no G20 diversidade de opções que incluem petróleo na transição energética

“Não existe bala de prata”, afirmou a assessora especial do Ministro de Minas e Energia, Mariana Espécie, durante evento no Rio, preparatório para a reunião do G20 em Foz do Iguaçu, em outubro

14 de agosto de 2024

O Brasil defenderá a importância da diversidade de opções em sua transição energética, na reunião de ministros do G20, prevista para ocorrer em outubro, em Foz do Iguaçu. De acordo com a coordenadora do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, Mariana Espécie, esta é a principal mensagem que o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, levará para a reunião de outubro, do grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana.

Segundo a assessora especial do ministro, não existe uma única solução tecnológica, não existe uma bala de prata que vai resolver todos os problemas. “Não importa se, no primeiro momento, a gente vai ter que ainda utilizar petróleo, mas reduzindo as emissões com a captura e estocagem de carbono (CCS). Isso vai ser necessário para que a gente tenha esse aprimoramento tecnológico para fazer as substituições”, afirmou, antes do início do primeiro “Diálogo G20 – Transições Energéticas”, conjunto de seminários organizado pelo MME, em parceria com Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Itaipu Binacional. O evento é preparatório para a Reunião Ministerial de Transições Energéticas do G20.

Um roadmap está sendo elaborado para ajudar a identificar quais são as trajetórias, as oportunidades e as opções para viabilizar os investimentos na transição energética. A iniciativa tem o apoio da Agência Internacional de Energia, que está desenvolvendo a modelagem.

Na avaliação dela, o Brasil é o país mais bem posicionado dentro do G20 para a transição energética. Isso se deve a condições favoráveis como matriz energética e matriz elétrica com alta participação de energias renováveis. No entanto, o país continua perseguindo melhores condições, apostando em novas tecnologias e buscando construir o arcabouço regulatório, para atrair novos investimentos.

Investimento global abaixo do necessário

A transição energética vai exigir investimentos de US$ 4,5 trilhões por ano em todo o mundo. Apesar de ter aumentado nos últimos anos, esse patamar ainda está longe de ser alcançado, afirmou Mariana Espécie. Em 2022, a marca foi de US$ 1,8 trilhão.

Segundo ela, há uma série de desafios como a concentração na distribuição desses recursos, com os países desenvolvidos e a China atraindo muito desse capital. O roadmap vai mostrar soluções possíveis diante dos cenários que foram projetados até o momento para a transição energética e apontar as perspectivas de financiamento.

Para alguns países, acrescentou, vai fazer mais sentido contar com recursos de empréstimos concessionais, por exemplo. Para outros, as doações ou os investimentos do setor privado podem ser mais marcantes.

“Tem uma mescla dessas oportunidades de investimento que estão sendo consideradas nesse documento e a ideia é que a gente tenha os resultados desse estudo sendo apresentados lá em Foz do Iguaçu, durante a nossa reunião de ministros. É um dos primeiros esforços globais nesse sentido, principalmente para tentar minimizar, vamos dizer assim, essas assimetrias na distribuição desses recursos globalmente.”

Os diferentes ritmos da transição

A situação do Brasil é privilegiada em relação à de países que não dispõem de recursos energéticos em abundância ou que têm condições geográficas limitantes, como é o caso do Japão, uma ilha.

Cada país está lançando mão do que é possível, no primeiro momento, e depois “esticando mais essas possibilidades”, em exercícios de projeção das suas Contribuições Nacionalmente Determinada (NDC)”, disse.

Muitos países têm metas de neutralizar suas emissões até 2050, mas a Índia, por exemplo, já anunciou a meta de ser net zero só em 2070. População muito grande e em crescimento estão entre os fatores socioeconômicos que pesam.

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