A iniciativa da UNICA usa o humor para tirar dúvidas sobre o uso do produto e também para conscientizar sobre a necessidade urgente da transição energética no combate às mudanças climáticas
23 de janeiro de 2024
Assim como tem gente que não acredita que a terra é redonda ou que as mudanças climáticas são reais, parte dos consumidores brasileiros ainda desconhece os benefícios do uso do etanol, um combustível renovável desenvolvido no país a partir da década de 1980 e que está em alta no mundo todo. Para esclarecer as principais dúvidas e incentivar os motoristas a abastecer com o biocombustível, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) está veiculando a campanha “Vai de etanol” nos principais centros de consumo do Brasil.
Com um toque de humor e bastante didática, a campanha em rádio e TV também usa influenciadores nas redes sociais. “A iniciativa ocorre em decorrência da necessidade urgente de acelerar a substituição dos combustíveis fósseis por biocombustíveis, reduzindo a emissão dos gases que provocam o efeito estufa”, explica Evandro Gussi, presidente da UNICA.
De acordo com a entidade, pesquisas indicam que ainda existe desconhecimento sobre as vantagens do uso de etanol nos veículos. Além de esclarecer essas dúvidas, os filmes tratam dos benefícios ambientais, sociais e econômicos que o biocombustível tem, acrescenta.
Entre as informações equivocadas relacionadas ao etanol estão possíveis prejuízos aos motores. No entanto, segundo a UNICA, diferente do que muita gente pensa, o etanol mantém o motor dos veículos mais limpo do que a gasolina. No caso do biocombustível, o acúmulo de sujeira nos bicos injetores é menor.
A campanha foi criada pela Jotacom. Segundo o vice-presidente de criação da agência, Fábio Mello, a ideia é mostrar para o consumidor que o etanol é bom para ele, para o carro, para o país e para o planeta.
O etanol está em alta no mundo
O momento não poderia ser mais apropriado para o lançamento da campanha “Vai de etanol”, que também pode contribuir para conscientizar e engajar mais consumidores sobre a responsabilidade de cada um no combate às mudanças climáticas.
Em 2023, o planeta entrou em ebulição com mais da metade dos dias registrando temperaturas acima do limiar para a ocorrência de eventos extremos climáticos, segundo o relatório do Programa Copernicus, da agência espacial europeia. Nesse sentido, o etanol surge como um dos biocombustíveis capazes de contribuir para a solução do problema, acelerando a transição energética no país”, informa o comunicado divulgado pela UNICA. Entre o lançamento dos motores flex – março de 2003 – e o fim de 2023, o consumo de etanol no Brasil evitou a emissão de 662 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
Com os efeitos negativos do aquecimento do planeta cada vez mais evidentes na vida das pessoas e nos negócios, governos de todo o mundo têm sido empurrados a agir, principalmente por investidores e consumidores.
No fim do ano passado, durante a reunião de cúpula do G-20, em Nova Déli, Brasil, Índia, Estados Unidos e outros 19 países e 12 organizações internacionais lançaram a Aliança Global para os Biocombustíveis. A iniciativa tem o objetivo de fomentar a produção sustentável e o uso de biocombustíveis no mundo, tendo o Brasil como uma das referências em tecnologia e boas práticas.
O texto final da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), realizada em dezembro, em Dubai, menciona a necessidade de eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e abre uma grande oportunidade para os biocombustíveis.
Recentemente, a Agência Internacional de Energia divulgou um novo relatório (11/1), denominado Renováveis 2023, prevendo que a procura mundial por biocombustíveis aumentará 23%, para 200 bilhões de litros, de 2023 a 2028. Espera-se que o biodiesel e o etanol sejam responsáveis por dois terços desse crescimento, e venha do biodiesel e do combustível de aviação sustentável de base biológica (SAF). A produção e a demanda devem ser maiores em economias emergentes, especialmente do Brasil, da Indonésia e da Índia.
Não à toa, uma das metas da nova política industrial do governo, lançada nesta segunda-feira (22/1), é ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes — atualmente os combustíveis verdes representam 21,4% dessa matriz.