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CDP: 70% da companhias abertas brasileiras têm metas de descarbonização aquém do necessário

CDP: 70% da companhias abertas brasileiras têm metas de descarbonização aquém do necessário

Amostra abrange as 229 empresas listadas na B3, que representam 89% da capitalização total do mercado, incluindo setores como: serviços; infraestrutura; varejo; manufatura; e materiais

03 de julho de 2024

O nível de comprometimento das companhias abertas brasileiras para reduzir efetivamente suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) ainda está abaixo do necessário. De acordo com o CDP, maior plataforma global de dados ambientais de empresas, cidades, estados e regiões, apenas 68 das 229 empresas listadas na B3 (30%) têm metas válidas para reduzir suas emissões no nível de descarbonização necessário. As outras 70% têm esforços de descarbonização abaixo do que é preciso para conter o aquecimento global.

Juntas, essas organizações representam 89% da capitalização total do mercado, incluindo setores como: serviços; infraestrutura; varejo; manufatura; e materiais.

De acordo com o estudo divulgado nesta quarta-feira (3/7), é preciso mais para evitar que o planeta esquente além de 1,5°C – temperatura limite estabelecida pelo Acordo de Paris para reduzir os impactos das mudanças climáticas. 

Caso o mundo fossem essas empresas, o aumento médio da temperatura global seria de 2,2%. Este cálculo considera apenas as metas de reduções de emissões resultantes diretamente das operações da própria empresa (escopo 1) e as emissões provenientes da energia elétrica adquirida e utilizada pela companhia (escopo 2). 

Quando incluídas as emissões indiretas (escopo 3), o aumento de temperatura seria de 2,7°C. Trata-se de um quadro bastante crítico uma vez que somente 26% (59) das empresas desse escopo contam com metas válidas de redução de emissões, diz o CDP

Segundo a instituição, embora seja possível observar empresas com metas mais ambiciosas e alinhadas às recomendações da ciência, a maioria avaliada (70%) apresenta metas de escopo 1 e 2 que as posicionam em trajetórias alinhadas a uma temperatura de default de 3,1°C, que representa o nível provável de aquecimento caso não haja mudanças significativas no atual modelo de negócios

“Sabemos que a exposição a riscos climáticos representa impactos financeiros significativos nos negócios, um elemento ao qual investidores e stakeholders em geral estão cada vez mais atentos”, pontua Rebeca Lima, diretora executiva do CDP Latin America. 

“É interessante notar que, mesmo se tratando de uma amostragem de empresas listadas, com padrões qualificados de governança, a projeção do estudo indica um aumento de temperatura acima dos níveis seguros indicados pela ciência. Portanto, é urgente que o setor privado se comprometa com metas mais ambiciosas e maior celeridade nas ações no sentido de promover uma transição para uma economia de baixo carbono”, completa

A pesquisa tem o objetivo de verificar se os compromissos assumidos são suficientes para evitar cenários futuros mais graves no que se refere ao aquecimento do planeta e suas consequências, tais quais eventos extremos que vêm sendo registrados com maior frequência. 

Setor de varejo foi o mais bem avaliado quanto às emissões diretas

O setor do varejo foi o que apresentou o melhor desempenho para as emissões diretas, com metas alinhadas a um cenário médio de 1,7ºC. Entretanto, quando incluídas as emissões da cadeia de valor, ou seja, as emissões de escopo 3, essa temperatura sobe para 2,9ºC. 

O mesmo pode ser visto para o setor de alimentos, bebidas e agricultura e para o de manufatura, que apresentaram trajetórias médias alinhadas a um cenário de até 2ºC, mas, quando somadas às emissões de escopo 3, a temperatura média sobe para a mesma marca de 2,9ºC.