carbonreport.com.br

Educação ambiental e climática deve ser mais integrada aos currículos escolares

Educação ambiental e climática deve ser mais integrada aos currículos escolares

Tragédias ambientais alertam para a importância da formação de cidadãos preparados para o enfrentamento desses problemas e suas consequências sociais, afirma diretor da Santillana, Luciano Monteiro

27 de junho de 2024

Mariza Louven

Os temas ambientais não são novidade na educação brasileira, mas tendem a ser mais integrados formalmente nos currículos, iniciativas e conteúdos pedagógicos, segundo o diretor global de Comunicação e Sustentabilidade da Santillana, Luciano Monteiro. Em entrevista para o CarbonCast, o podcast do Carbon Report, ele falou sobre a educação para o desenvolvimento sustentável e o senso de urgência, ampliado por desastres climáticos recentes, que afetam comunidades inteiras, como as enchentes no Rio Grande Sul.

O grupo espanhol Santillana está presente em 19 países da América Latina e tem produtos educacionais, como livros didáticos, que interagem com 29 milhões de alunos. No Brasil, sua marca mais conhecida é a Editora Moderna.

A conversa foi gravada nesta semana em que o Senado aprovou (25/6) um projeto de lei (PL 6.230/2023) para inclusão de questões como mudanças climáticas e proteção à biodiversidade nas iniciativas pedagógicas, da educação básica ao ensino superior. A educação também ganhou destaque nos últimos dias, em que o presidente Lula encaminhou (26/6) ao Congresso Nacional o Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação, com as diretrizes para a próxima década.

Meio ambiente, clima e cidadania

As escolas não formam só mão de obra para o mercado de trabalho e sim cidadãos com direitos e deveres, que precisam ter consciência e saber, de forma crítica, o impacto de cada uma das suas ações e das ações de sua comunidade, afirma o diretor da Santillana. 

“Cada vez que acontece uma tragédia ambiental, a gente vê como essa ligação é profunda”, comenta Monteiro, ao falar sobre a relação entre a educação, o meio ambiente e a cidadania. “A gente precisa ter comunidades formadas e preparadas para esse enfrentamento, para atuar no seu entorno, nas questões sociais que atingem a sua própria comunidade.” 

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), por exemplo, articula um movimento para incluir a educação ambiental como componente transversal nos currículos, visando o desenvolvimento sustentável. “A gente vê a educação com esse poder transformador”, afirma. 

“Temos essa chance de levar, pelos nossos conteúdos, pelos nossos  serviços, informações que vão ajudar a sensibilizar, a formar, a dar espaços que a gente tanto precisa para, pelo menos nessas novas gerações, a gente tratar desse tema num novo nível de urgência, uma coisa que talvez as nossas gerações tenham sido um pouco relapsas. A gente está tentando correr atrás do prejuízo, mas acho que de fato vai caber a essas novas gerações uma ação muito mais contundente”, diz ele. 

Para estimular o sistema educacional a incorporar a sustentabilidade de forma mais orgânica, a Santillana, a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e a Fundação Santillana também promovem o “Prêmio Escolas Sustentáveis”. As inscrições vão até o próximo dia 30 de junho. 

A iniciativa reconhece as melhores práticas em escolas públicas e privadas de países em que a empresa atua. Os projetos devem ter cunho socioambiental e ser implementados por instituições de ensino do Brasil, México e Colômbia. Na fase nacional, os cinco primeiros colocados em cada categoria receberão prêmios de R$15 mil. Na etapa internacional, que será realizada na Colômbia, em novembro deste ano, será anunciado o Projeto do Ano, que vai receber mais R$ 25 mil.

Em 2023, mais de 1.100 projetos concorreram pelos três países participantes. Já a edição 2024 do prêmio amplia o leque de projetos elegíveis. Além de iniciativas protagonizadas por estudantes de escolas dos segmentos de Ensino Fundamental e Médio, agora também podem concorrer escolas de Educação Infantil. O objetivo é incentivar e dar visibilidade às escolas de todo o ciclo de Educação Básica que trabalham com os pilares ESG (social, ambiental e governança).

Cada escola pode inscrever quantos projetos desejar nas duas categorias: Educação Infantil e Ensino Fundamental Anos Iniciais ou Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio. As iniciativas devem envolver ações como conscientização dos alunos e da comunidade para a preservação do meio ambiente, desenvolvimento de programas com impacto positivo no entorno da escola ou na sociedade, parcerias com comunidades locais, inclusão social, educação para cidadania, defesa dos direitos humanos, liderança ética, participação da comunidade no processo de gestão escolar, entre outros.

Para participar, os projetos precisam apresentar resultados verificáveis. Para mais informações e inscrições, basta acessar o link https://premioescolassustentaveis.com/