carbonreport.com.br

Estudo revela déficit de 226 gigatoneladas na capacidade florestal de sequestrar carbono

Estudo revela déficit de 226 gigatoneladas na capacidade florestal de sequestrar carbono

Cientistas avaliam potencial global integrado de árvores existentes no planeta capturarem CO2 se não forem cortadas e puderem viver em ecossistemas saudáveis

13 de novembro de 2023

A recuperação das florestas e o reflorestamento, sozinhos, não podem substituir as reduções de emissões de gases de efeito estufa necessárias para conter o aquecimento global. Mas a conservação, restauração e gestão sustentável desses sistemas oferecem contribuições valiosas para o cumprimento das metas climáticas e de biodiversidade, segundo estudo publicado nesta segunda-feira (13/11) pela revista Nature.

O artigo intitulado “Avaliação global integrada do potencial de carbono das florestas naturais” calcula que há um déficit de 226 gigatoneladas de carbono que poderiam ser sequestradas se as árvores existentes no planeta não fossem cortadas e pudessem envelhecer em ecossistemas saudáveis. Para chegar a este resultado, também seria necessário restaurar áreas degradadas.

A conclusão do estudo é baseada em pesquisa realizada por um grupo de cientistas segundo o qual a plantação de monoculturas de árvores não ajudará as florestas a realizarem todo o seu potencial de captura de carbono.

O trabalho chama a atenção para o fato de as florestas serem sumidouros de carbono terrestre, mas afirma que as alterações no uso da terra e no clima, provocadas por atividades humanas, reduziram consideravelmente a escala deste sistema. Os cientistas combinaram várias abordagens terrestres e derivadas de satélite para avaliar a escala potencial global de carbono florestal fora das terras agrícolas e urbanas.

A pesquisa revela que, atualmente, o armazenamento global de carbono florestal está marcadamente abaixo do potencial natural, com um défice total de 226 gigatoneladas em áreas com baixa pegada humana, ou seja, sem atividades agrícolas ou urbanas. A maior parte (61%) deste potencial está em áreas com florestas existentes, nas quais a proteção dos ecossistemas pode permitir a recuperação da capacidade. Os 39% restantes residem em regiões onde as florestas foram removidas ou fragmentadas e precisam ser restauradas.

Os cientistas lembram que as florestas representam 80% a 90% da biomassa vegetal global e grande parte da biodiversidade terrestre. Desempenham um papel fundamental tanto na mitigação como na adaptação às alterações climáticas. Até agora, porém, quase metade dessa vegetação natural foi removida, provocando perda contínua da captura de carbono, equivalente a cerca de 15% das emissões humanas anuais de carbono.