A iniciativa marca primeira aquisição de créditos baseados na natureza pelo Google e seu primeiro envolvimento com um projeto brasileiro de carbono
19 de setembro de 2024
O Google anunciou nesta quinta-feira (19/9) que firmou acordo com a startup brasileira Mombak para a compra de 50.000 créditos de remoção de carbono gerados em projetos de reflorestamento na Amazônia até 2030. Cada crédito corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2).
A iniciativa marca a primeira aquisição pelo Google de créditos baseados na natureza e seu primeiro envolvimento com um projeto brasileiro de carbono.
“Este acordo valida a missão da Mombak de transformar pastagens degradadas na Amazônia brasileira em florestas biodiversas, com impacto climático medido de forma robusta. Também sublinha o compromisso do Google em apoiar projetos que proporcionem benefícios ambientais escalonáveis a longo prazo, ao mesmo tempo que apoiam as comunidades locais”, disse o diretor de Tecnologia da Mombak, Dan Harburg, em comunicado publicado nas suas redes sociais.
Segundo ele, a parceria vai além da compra de créditos de carbono: estabelece um novo padrão para soluções baseadas na natureza. A participação do Google reflete o seu compromisso com projetos que possam proporcionar um impacto tangível e verificável, ao mesmo tempo que orienta o mercado para o caminho certo para a remoção de carbono em grande escala, diz ele. Também se baseia no impulso comercial de Mombak após os recentes anúncios de acordos com a Microsoft e a McLaren Racing.
“Temos o prazer de fazer parceria com a Mombak em nossa primeira compra de créditos de remoção de carbono florestal, com o objetivo de resolver um desafio central neste campo: garantir a certeza do impacto climático”, disse Randy Spock, líder de remoção de carbono do Google. “Olhando para o futuro, estamos entusiasmados em dar continuidade a este acordo através da nossa participação na Symbiosis Coalition.”
No fim do ano passado, a Mombak também firmou acordo com a Microsoft para o fornecimento de 1,5 milhão de créditos a serem entregues até 2032.
Os projetos de remoção de carbono baseados na natureza têm o potencial de ser uma alavanca importante na remoção de CO2 da atmosfera (uma vez que podem escalar muito mais rapidamente do que as tecnologias em estágio inicial e também podem ter efeitos colaterais positivos na biodiversidade e no desenvolvimento econômico). Mas a complexidade dos sistemas naturais torna difícil medir seu impacto climático de forma eficaz e pode levar à confusão sobre se os projetos estão cumprindo o impacto atmosférico que prometem.
No mês passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que aprovou um financiamento de R$160 milhões para projetos de reflorestamento biodiverso da Mombak. De acordo com o banco, as novas florestas em municípios do Pará vão gerar empregos diretos e indiretos, fortalecendo a cadeia de reflorestamento da região e do Brasil, e recuperando algumas das áreas mais degradadas da Amazônia, localizadas no cinturão conhecido como Arco do Desmatamento. O financiamento à Mombak contempla R$ 80 milhões em recursos do Fundo Clima. A Mombak já levantou aproximadamente R$ 1 bilhão para investir em projetos de restauração do bioma amazônico.
Fundada em 2021, a Mombak está focada em projetos de remoção de carbono em larga escala por meio do reflorestamento de pastagens degradadas e improdutivas com espécies de árvores nativas e regeneração natural assistida. Além do reflorestamento em si, essas iniciativas possibilitam outros benefícios como a reversão da perda de biodiversidade, melhoria dos ativos da bacia hidrográfica e geração de emprego, com impacto social positivo nas comunidades locais.