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Incêndios florestais na Amazônia brasileira também desafiam as cidades

Incêndios florestais na Amazônia brasileira também desafiam as cidades

O quarto episódio da série Amazônia Urbana, da Climate Tracker, aborda as queimadas florestais na Amazônia e seus impactos nas áreas urbanas, como a piora da qualidade do ar

04 de setembro de 2024

“Incêndios florestais na Amazônia brasileira” é o quarto de seis vídeos produzidos pela editora do Carbon Report, Mariza Louven, para o projeto Amazônia Urbana, da Climate Tracker – uma organização internacional sem fins lucrativos dedicada ao combate às mudanças climáticas. Os conteúdos audiovisuais são destinados à publicação em redes sociais, para chamar a atenção dos internautas sobre os desafios ambientais das cidades da região.

O Brasil começou a registrar recordes de queimadas já no primeiro semestre, antes mesmo de iniciado o período mais seco do ano, que costumava ser a partir de julho. De janeiro a junho, a área atingida pelo fogo no país chegou a 4,48 milhões de hectares, maior do que a do estado do Rio de janeiro, 66% na Amazônia. Os dados são do MapBiomas Fogo e anteciparam a situação dramática verificada em cidades de todo o país atualmente.

As queimadas sempre existiram, principalmente associada à atividade agropecuária, mas, atualmente, o fogo também é atiçado pelas mudanças climáticas, que aumentam a intensidade e a duração das secas, tornando o ambiente mais propício ao alastramento das chamas, segundo a diretora do Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar.

Nos períodos mais secos do ano, a chamada queima controlada, técnica utilizada tradicionalmente na agricultura para eliminar a vegetação de áreas destinadas ao plantio, pode representar um grande risco. Existe ainda o incêndio de origem criminosa, que acontece a qualquer momento, associado ao desmatamento ilegal, mas o estopim também pode ser uma simples queima de lixo doméstico, comum em áreas rurais e urbanas de todo o Brasil.

A seca que este ano chegou mais cedo desafia a cultura de uso do fogo em atividades tradicionais e também o planejamento das cidades e de empresas. Passou a representar um perigo ainda maior para as áreas urbanas, que além de perdas materiais sofrem com a piora da qualidade do ar.

“O que acontece é que, quando a gente tem uma prática comum utilizada num contexto de uma seca extrema, a gente tem que ter mais cuidado. Se não tem alguém nesse período do ano que está muito seco para riscar o fósforo, o fogo não vai acontecer e não vai se espalhar e virar um grande incêndio”, afirma Alencar.

“Uma questão de prevenção fundamental é reduzir o número de queimadas ao máximo possível. Não vou dizer que é possível uma moratória do fogo, mas temos que pensar em trabalhar a inteligência do fogo. Entender em que lugares e quando esses lugares são muito mais suscetíveis a incêndios e, de repente, naquele momento, naquela semana, ter uma moratória do uso do fogo até que as condições climáticas melhorem e as pessoas possam fazer as suas roças e queimadas, aquelas que pediram licença” disse Alencar durante a entrevista em que a elaboração do vídeo foi baseada.

Estados como o do Amazonas decretaram situação de emergência devido às queimadas e prefeituras como a de Araguaína, na região da Amazônia Legal, adotaram medidas de combate a incêndios que incluem a proibição da queima controlada. Entre as iniciativas estão o reforço da infraestrutura de combate às chamas e até canais de denúncias que ajudam a identificar e responsabilizar quem inicia ou cria as condições para as queimadas.

O quarto episódio, assim como toda a série, sugere que os eleitores procurem saber se os candidatos deste ano têm planos para prevenir as queimadas e melhorar a estrutura de combate a incêndios nas cidades.

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