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Organização Meteorológica Mundial estima que perdas climáticas na África cheguem a 5% do PIB

Organização Meteorológica Mundial estima que perdas climáticas na África cheguem a 5% do PIB

Relatório divulgado pela OMM diz que o continente carrega um fardo excepcionalmente pesado das mudanças climáticas e custos desproporcionalmente altos

02 de setembro de 2024

A África carrega um fardo excepcionalmente pesado das mudanças climáticas e custos desproporcionalmente altos para adaptação climática essencial. Em média, os países africanos estão perdendo de 2% a 5% do PIB devido a eventos climáticos extremos e muitos estão tendo que direcionar até 9% de seus orçamentos para responder a extremos climáticos, informa a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em relatório divulgado nesta segunda-feira (2/9).

Na África Subsaariana, o custo da adaptação é estimado em US$ 30 bilhões a US$ 50 bilhões por ano na próxima década, entre 2% e 3% do PIB da região, diz o relatório State of the Climate in Africa 2023 da OMM, divulgado nesta segunda-feira (2/9).

Vale lembrar que os maiores emissores de gases de efeito estufa causadores das mudanças climáticas são os Estados Unidos, a China e países da Europa.

Até 2030, estima-se que até 118 milhões de pessoas extremamente pobres (vivendo com menos de US$ 1,90 por dia) estarão expostas à seca, inundações e calor extremo na África, se medidas de resposta adequadas não forem postas em prática. Isso colocará fardos adicionais nos esforços de redução da pobreza e prejudicará significativamente o crescimento, de acordo com números citados no relatório.

Os países africanos precisam priorizar o aumento do investimento em Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais e acelerar a implementação da iniciativa Alertas Precoces para Todos para salvar vidas e meios de subsistência, aponta a OMM. Hoje, apenas apenas 40% da população africana tem acesso a sistemas de alerta precoce — a menor taxa de qualquer região do mundo. Este novo Plano de Ação de Alertas Precoces para Todos para a África busca mudar isso.

“Nos últimos 60 anos, a África observou uma tendência de aquecimento que se tornou mais rápida do que a média global. Em 2023, o continente experimentou ondas de calor mortais, chuvas pesadas, inundações, ciclones tropicais e secas prolongadas”, disse a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.

“Enquanto muitos países no Chifre da África, sul e noroeste da África continuaram a sofrer secas excepcionais de vários anos, outros países experimentaram eventos extremos de precipitação em 2023, levando a inundações com vítimas significativas. Esses eventos extremos levaram a impactos devastadores nas comunidades, com sérias implicações econômicas”, disse Celeste Saulo.
“Este padrão de clima extremo continuou em 2024. Partes do sul da África foram atingidas por uma seca devastadora.

Chuvas sazonais excepcionais causaram morte e devastação em países da África Oriental, mais recentemente no Sudão e no Sudão do Sul. Isso agrava uma crise humanitária já desesperadora”, disse ela.

A OMM, a Comissão da União Africana, a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África e a Conferência Ministerial Africana sobre Meteorologia divulgaram o relatório em colaboração com parceiros na 12ª Conferência sobre Mudanças Climáticas para o Desenvolvimento na África (CCDA) em Abidjan, Costa do Marfim, nesta segunda-feira.

“O Relatório State of Climate in Africa 2023 destaca a necessidade urgente de investir em serviços meteorológicos e sistemas de alerta precoce para ajudar a se adaptar às mudanças climáticas e construir resiliência na África. À medida que os impactos das mudanças climáticas continuam a se manifestar globalmente, o continente africano se encontra em um momento crítico”, disse a embaixadora Josefa Leonel Correia Sacko, Comissária para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Meio Ambiente Sustentável na Comissão da União Africana.