A pesquisa aponta o aumento da temperatura, a redução de chuvas e a seca nos rios. Percepção sobre gravidade do aquecimento global também cresceu de 2022 para 2023
11 de dezembro de 2023
Os brasileiros estão cada vez mais convencidos de que as mudanças climáticas são reais e um problema grave, de acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o estudo, 91% das pessoas entrevistadas em todo o Brasil notaram alguma alteração na temperatura ou no clima em seu dia a dia. Este também foi o percentual dos que avaliaram o aquecimento global como um problema grave, enquanto na pesquisa do ano anterior tinham sido 86%.
A maioria (61%) também acredita que as mudanças climáticas são uma questão imediata, que deve ser combatida urgentemente. A percepção da gravidade do problema é menor (53%) na faixa de 16 a 24 anos.
A pesquisa foi conduzida pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem, da FSB Holding, entre os dias 18 e 21 de novembro, e ouviu 2.021 cidadãos com idade a partir de 16 anos em todas as unidades da Federação.A margem de erro no total da amostra é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95% e a soma dos percentuais pode variar de 99% a 101%, devido ao arredondamento.
As respostas à pesquisa variaram de acordo com a região do país, mas em geral são apontados o aumento de temperatura (92%), menos chuvas (66%) e rios mais secos (55%). No Norte e Centro-Oeste, a redução das chuvas foi percebida por 90% dos entrevistados e a seca nos rios, por 76%. No Sul, 76% apontaram aumento de chuvas e 69% o transbordamento de rios.
“Os dados recentes sobre as mudanças climáticas confirmam a importância de acelerarmos as ações voltadas à adaptação e à redução dos impactos de secas, enchentes, ondas de calor e frio intensos e outros fenômenos extremos, que vêm causando enormes prejuízos sociais e econômicos em todo o mundo”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
“A necessidade de transição para uma economia de baixo carbono, que esteja alinhada com a contenção do aumento da temperatura do planeta dentro da meta do Acordo de Paris é urgente. As mudanças climáticas têm afetado cada vez mais a vida das pessoas e é de interesse coletivo a promoção de um sistema produtivo mais sustentável”, complementa.
Conservação do meio ambiente é vista como ruim ou péssima e desmatamento tido como maior vilão
A preocupação dos brasileiros também se reflete na avaliação das ações ambientais no país. Para 55%, a conservação do meio ambiente no país é ruim ou péssima e 51% consideram o meio ambiente menos conservado em comparação a outros países.
O desmatamento florestal é tido como a maior ameaça ambiental atual para o Brasil (apontada por 38%), uma queda em relação a 2022 (46%). Em seguida, são citadas mudanças climáticas/aquecimento global (23%) e fumaça e emissão de gases poluentes (22%).
Quanto às prioridades para conservação ambiental, 30% responderam tratamento de água e esgoto, seguido por combate ao aquecimento global/mudanças climáticas (27%) e ao desmatamento (25%). No ano passado, o combate ao desmatamento era o primeiro da lista de prioridades apontadas pela população.
Em relação a ações específicas de promoção da preservação ambiental nos últimos 12 meses, há uma divisão na percepção:
- Atração de recursos de outros países para proteção da Amazônia: 32% acham que melhorou e 22% que pirou;
- Combate ao garimpo ilegal: 32% acreditam que melhorou e 24%, que piorou;
- Combate ao desmatamento ilegal: 30% pensam que melhorou e 33%, que piorou;
- Combate às queimadas: 29% responderam que melhorou e 37%, que piorou.
Expectativas sobre redução de emissões
Também há divergências sobre a expectativa de o Brasil atingir a meta de redução da emissão de gases do efeito estufa: 17% creem que o país atingirá a meta, 37% que não atingirá e 36% acreditam que ela será parcialmente cumprida. O Brasil se comprometeu, junto com os demais países integrantes da Conferência do Clima da ONU (COP) a reduzir 48% das emissões desses gases até 2025 e 53% até 2030.
Ainda sobre o futuro, 80% acham possível combinar crescimento econômico com proteção do meio ambiente e 61% veem o Brasil como protagonista na economia verde. Os impactos da descarbonização da economia mais citados foram o surgimento de novas tecnologias (73%), melhoria da qualidade de vida (68%) e melhores produtos disponíveis no mercado (67%).
“O Brasil tem uma grande vantagem comparativa diante de outros países, mas precisamos trabalhar muito para que esta vantagem se torne vantagem competitiva na transição energética. Assim, poderemos ampliar a matriz preponderantemente de fontes renováveis e a possibilidade de exportar energia. O Brasil tem a oportunidade de ser líder mundial da nova economia verde”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.
Veja aqui a íntegra da pesquisa.