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Projeto que leva energia solar a comunidades indígenas vai receber US$25 mil da Nextracker

Projeto que leva energia solar a comunidades indígenas vai receber US$25 mil da Nextracker

A iniciativa é da ONG Revolusolar, nascida nas favelas da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro, e hoje com atuação em mais sete territórios nacionais, incluindo a Amazônia

24 de abril de 2024

O projeto Kurasí Tury, um piloto da ONG Revolusolar para o desenvolvimento de um novo modelo energético sustentável e acessível para comunidades indígenas na Amazônia, vai receber US$25 mil da Nextracker, que atua na geração de energia solar. A iniciativa que na língua nheengatu significa Energia do Sol também conta com o apoio de entidades como Tardezinha, UCB e a Honnold Foundation.

Em 2022 o Kurasí Tury possibilitou a instalação de um sistema fotovoltaico e um inversor na Escola Indígena Municipal Arú Waimi (foto), localizada na comunidade indígena Terra Preta, que fica a 55 quilômetros de Manaus (AM). Ao todo, foram gerados 8,2 quilowatt-pico (kWp), unidade de medida que representa a capacidade máxima de geração de energia de um sistema fotovoltaico em condições ideais de irradiação solar.

No total, 20 moradores locais foram capacitados como instaladores de energia solar fotovoltaica a fim de garantir mão de obra qualificada para realizar a manutenção do sistema fotovoltaico instalado, e seis oficinas sobre energia solar e mudanças climáticas foram ministradas no local para manutenção do engajamento da comunidade com o tema e os sistemas fotovoltaicos agora presentes.

Geração X acesso à energia renovável

Atualmente, os estados da Amazônia Legal são responsáveis por distribuir mais de 27% da geração de energia elétrica para o Brasil. No entanto, mais de 14% da população da região (quase 1 milhão de pessoas) não têm acesso à energia elétrica que é gerada no Sistema Interligado Nacional (SIN), conforme informações da Climate Policy Initiative (CPI). Para atender à demanda da população, a Amazônia, que exporta energia renovável para os demais estados brasileiros precisa recorrer ao combustível fóssil, que é responsável por diversos problemas ambientais, incluindo o efeito estufa.

Um relatório da Revolusolar apontou que, em novembro de 2023, a população da comunidade Terra Preta ficou nove dias sem eletricidade da rede elétrica. Durante esse período, as famílias dependem exclusivamente da eletricidade fornecida pelo sistema fotovoltaico instalado na escola, o único local que não sofre com apagões prolongados. A verba doada foi destinada à segunda fase do projeto, iniciada em dezembro de 2023 para levar energia ao centro de saúde, centro comunitário e sistema de bombagem de água. Da capacidade total instalada, foram gerados 1,3 MWh de energia.

“Estamos empolgados em contribuir para esse projeto tão importante para os moradores da comunidade Terra Preta. Para nós, a energia solar vai além da geração de energia limpa e participar de iniciativas como essa reforça nosso propósito de fortalecimento da cultura local e melhoria na qualidade de vida, promovendo o desenvolvimento socioeconômico nas comunidades”, comenta Nelson Falcão, diretor sênior de Desenvolvimento de Negócios da Nextracker.

A Nextracker é responsável por fornecer tecnologia avançada de rastreador solar (tracker) para empresas de geração centralizada, que produzem energia fotovoltaica em larga escala. Com software baseado em machine learning integrado, o rastreador é responsável pelo posicionamento das fileiras de módulos fotovoltaicos individualmente, de acordo com fatores como sombreamento, clima e condições geográficas da usina, com o objetivo de pegar todo o aproveitamento do período solar e aumentar de 20% a 30 % na geração de energia, em relação aos módulos fixos.

Fundada em 2015 na favela da Babilônia, no Rio de Janeiro, a Revolusolar, é uma associação sem fins lucrativos que trabalha em parceria com a comunidade local na construção de um modelo de energia solar social. As instalações são feitas e mantidas por técnicos locais capacitados.

Em 2021, a Revolusolar inaugurou a Primeira Cooperativa de Energia Solar em favelas do Brasil na Babilônia e Chapéu Mangueira e hoje a ONG atua em mais sete territórios nacionais, incluindo a comunidade Indígena de Terra Preta na Amazônia.


Foto: Divulgação Nextracker