carbonreport.com.br

Publicação de padrões sustentáveis para investimentos deve ocorrer antes da COP28

Publicação de padrões sustentáveis para investimentos deve ocorrer antes da COP28

Iniciativa será sincronizada com os dados do CNAE e outras instituições como o IBGE, informa ao Carbon Report o diretor-executivo da Climate Ventures, Daniel Contrucci

Mariza Louven

Termina hoje (20/10) a consulta pública do Ministério da Fazenda sobre a Taxonomia Sustentável Brasileira, que terá sua primeira versão publicada ainda este ano. A definição de um sistema de classificação deverá ocorrer antes da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), em Dubai. “Muito em breve teremos uma primeira versão dessa taxonomia, que vai ter sincronia com o CNAE (Classificação Nacional das Atividades Econômicas) e possibilitar, pela primeira vez, usar dados do IBGE e de outras fontes para estimar o tamanho da economia verde e de baixo carbono”, afirma ao Carbon Report o diretor-executivo da Climate Ventures, Daniel Contrucci.

A taxonomia sustentável é um sistema de classificação para definir investimentos e projetos que podem ajudar na mitigação e adaptação à mudança climática, com impactos sobe toda a economia, os recursos naturais, a biodiversidade e a sociedade. A Climate Ventures está entre as organizações que participam da elaboração da estratégia brasileira, coordenada pelo Ministério da Fazenda.

O Ministério da Fazenda iniciou em setembro deste ano o período de consulta pública para ouvir os interessados em enviar contribuições para a elaboração da Taxonomia Sustentável Brasileira. A iniciativa faz parte do Plano de Transformação Ecológica, que ataca várias frentes da problemática ambiental.

Governança global também ainda está surgindo

A falta de uma taxonomia sustentável não é um problema só do Brasil. Ainda não há um modelo globalmente aceito, mas a União Europeia, Índia e China já têm as suas próprias classificações para direcionar investimentos e minimizar o greenwashing.

Uma nova iniciativa de governança global está surgindo para ajudar na padronização da sustentabilidade nos negócios em todo o mundo.

A taxonomia funciona como uma espécie de “vocabulário” dos ativos financeiros e atividades econômicas sustentáveis, facilitando o entendimento daquilo que é relevante para a estratégia brasileira de enfrentamento à crise climática, disse na época do lançamento da iniciativa a subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda, Cristina Reis.

“O que acontece hoje é que diversas instituições financeiras, empresas entre outros atores econômicos, têm formado seu próprio entendimento do que é um ativo sustentável, então chegou a hora de haver um entendimento padronizado do assunto”, acrescentou Reis.

Climate Ventures vai estimar tamanho do mercado sustentável

“Temos uma reunião agendada com representantes do Ministério da Fazenda para que possamos fazer a nossa contribuição. A Climate Ventures tem a missão de ajudar o Brasil a acelerar a economia de baixo carbono. A primeira pergunta que fizemos, lá em 2020, foi: qual é o tamanho dessa economia?”, afirma Contrucci.

Para tentar chegar a um resultado, a Climate Ventures entrevistou diversos especialistas e entendeu que não existe uma taxonomia para que se possa definir qual é o tamanho do mercado sustentável e de baixo carbono no Brasil. Isso torna muito difícil planejar uma mudança na economia. “De quanto para quanto? Que setores a gente precisa acelerar?”

A Climate Ventures é uma plataforma de inovação criada para conectar empresas, governos investidores e empreendedores na aceleração da economia regenerativa e de baixo carbono.

Desde 2020, tenta responder a essas questões. Para isso, neste período, criou uma primeira versão do que poderia ser uma taxonomia ideal para a economia verde brasileira, publicada no estudo “Onda Verde”. Segundo ele, este trabalho já é fruto da inteligência coletiva de mais de 60 especialistas.

Foram levados em consideração três principais fatores: quais são os setores mais intensivos em emissões de carbono, que precisam ser considerados nessa economia sustentável; quais seriam as soluções de negócios para a descarbonização de cada setor prioritário, até chegar a 40 soluções; e quais são as lentes transversais, ou seja, temas que hoje pautam uma série de organizações como fundos de investimento, programas de aceleração etc.

O trabalho já realizado pela Climate Ventures está sendo apresentado como contribuição ao Ministério da Fazenda. Segundo Contrucci, no fim de 2024, a plataforma vai lançar o estudo “Mercado Onda Verde”, que deve trazer uma primeira estimativa do tamanho do mercado verde brasileiro. “Para isso, precisamos da taxonomia. Ela é o ponto de partida.”