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Rede D´Or aposta em metas intermediárias e engajamento para ser carbono líquido zero até 2050

Rede D´Or aposta em metas intermediárias e engajamento para ser carbono líquido zero até 2050

Alvo intermediário é reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa em 36% até 2030, usar mais renováveis e promover a descarbonização em sua cadeia de fornecimento

29 de janeiro de 2024

Roberta Taliberti Tomasi

A Rede D´Or tem como uma de suas metas de sustentabilidade zerar emissões líquidas de carbono até 2050. Para chegar a este resultado, a empresa planeja reduzir em 36% suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2030.

Para alcançar este objetivo, a maior rede de hospitais privados do Brasil estabeleceu metas intermediárias que incluem ações para lidar com as emissões em suas próprias operações, com a energia adquirida de terceiros e com sua cadeia de fornecedores, além da conscientização e engajamento de colaboradores.

gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Rede D´Or, Ingrid Cicca
Gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Rede D´Or, Ingrid Cicca

Acreditamos que essa estratégia nos ajudará a obter maturidade para alcançarmos emissões líquidas até 2050. Optamos por uma meta de intensidade (tCO2e/paciente.dia), e não de emissões absolutas, uma vez que a Rede D’Or está em expansão crescente de suas operações. A incorporação de novas operações poderá causar um grande impacto nas quantidades de emissões. Consideramos também a transição cultural das novas operações incorporadas”, afirma ao Carbon Report a gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Rede D´Or, Ingrid Cicca.

Os vilões do clima na área hospitalar

Entre as iniciativas mais importantes estão o tratamento dado às duas principais emissões da área de saúde, o óxido nitroso (N2O) e os gases refrigerantes, que também causam o aquecimento da atmosfera. Individualmente, o N2O é o que mais contribui para a pegada de carbono nos hospitais. Este gás é largamente associado com os anestésicos inalatórios ou venosos mais potentes.

Para reduzir as emissões de N20 e de gases refrigerantes, a Rede D’Or já começou a adotar estratégias de redução de consumo, aproximando as equipes de manutenção e de operação. Entre as iniciativas, estão o estabelecimento de controles de medição sistemática, para evitar vazamentos, e a adoção de padrões, como o uso do modo standby em aparelhos de anestesia ao término dos procedimentos cirúrgicos.

De 2020 para 2022, a intensidade das emissões diminuiu em cerca de 24%. Saiu de 0,058 tCO2e/pac.dia para 0,042 tCO2e/pac.dia neste período. Os dados de 2023 estão em fechamento e serão reportados pela empresa em breve.

Grandes metas decompostas por hospitais

Com 70 hospitais próprios e três sob gestão, 11,5 mil leitos e 55 clínicas oncológicas, a Rede D’Or tem o desafio de buscar a uniformidade em suas operações. O grupo está em 13 estados e no Distrito Federal, onde atende, em média, a 2,8 milhões de pacientes por dia. Outras 5,3 milhões de pessoas passam pela emergência da rede e 4,7 milhões por seus ambulatórios e são realizadas 493 mil cirurgias diariamente, além de 44,8 mil partos.

Isso se reflete, também, nas metas de descarbonização de suas atividades e de sua cadeia de valor. “Agora que atingimos uma série histórica de três anos de inventários de emissões, abrangendo quase todas as nossas unidades e maior robustez no processo de coleta e publicação de dados, realizamos um estudo para decompor a meta global de 36% de redução de intensidade em metas individuais por hospital”, explica Ingrid.

Rede D´Or aposta em metas intermediárias e engajamento para ser carbono líquido zero até 2050

Mais energia renovável e menos resíduos

Além de atacar o problema das emissões em suas operações (Escopo1), a empresa também tem direcionado investimentos em sistemas de automação de sua

infraestrutura, por meio do Programa de Eficiência Energética, para lidar com as emissões do Escopo 2.

As duas ações principais são para melhorar a eficiência energética dos equipamentos do sistema de refrigeração; e implementar contratos no Mercado Livre de Energia, a partir de fontes renováveis. Este programa tem proporcionado às unidades hospitalares maior eficiência, produtividade, conforto e segurança nas instalações.

Os sistemas de refrigeração seguem rigorosos critérios técnicos e conectam os equipamentos e sensores a uma rede de comunicação, possibilitando o monitoramento, controle e coleta de uma enorme quantidade de dados com informações de maior precisão. Com isso, os gestores têm maior embasamento para a tomada de decisão e há uma notável

melhora na performance, qualidade e disponibilidade dos equipamentos e dos

sistemas, e, consequentemente, redução nos custos operacionais.

No Escopo 3, destaca-se a forte atuação do grupo com o objetivo de reduzir a quantidade de resíduos enviados para os aterros sanitários. Isso tem sido possível por meio do incentivo à coleta seletiva e aumento da compostagem. A empresa também busca parcerias com fornecedores, visando a logística reversa.

Engajamento dos colaboradores e médicos

A Rede D´Or avalia que as ações para atingir a meta principal de descarbonização não terão eficiência se não houver engajamento dos principais stakeholders, como fornecedores, parceiros, 71,6 mil colaboradores com vínculo (CLT) e 87 mil médicos que são pessoas jurídicas.

“Sem a sensibilização, mobilização e engajamento do público interno e demais públicos de relacionamento e da sociedade em geral, com base nos valores, nos princípios e nas práticas sustentáveis da empresa, não há sustentabilidade”, afirma.

A área de Sustentabilidade tem promovido webinars, palestras, encontros, reuniões temáticas, discussões na Comissão de Sustentabilidade, entre outras iniciativas para promover a sinergia e engajamento.

“Temos realizado ações práticas, aproveitando datas comemorativas para impulsionarmos ainda mais o diálogo sobre esta agenda tão relevante para a sociedade. Para este ano de 2024, temos um planejamento já definido”, finaliza Ingrid.