08 de fevereiro de 2024

Sete empresas brasileiras tiveram nota máxima em divulgação de dados relacionados às mudanças climáticas, segurança hídrica e florestas, segundo levantamento que acaba de ser divulgado pelo CDP. A análise abrangeu mais de 23 mil organizações em todo o mundo, entre as quais apenas 1,7% (396 companhias) receberam Aem seus relatos e passaram a integrar a ‘A List’ (Lista A) de pelo menos um dos três temas considerados.

A América Latina passou a ser representada por 14 empresas, 11 delas brasileiras, sendo que sete estão pela primeira vez no grupo: Compass, CPFL Energia, Lojas Renner, M Dias Branco, TIM Brasil, Marfrig e Votorantim Cimentos. Seguem no rol do CDP a Klabin, a Companhia Brasileira de Alumínio, a EDP Brasil e a Dexco. Na relação latino-americana estão Cemex, Grupo Bimbo e CMPC.

Para obter nota máxima, as empresas precisam divulgar publicamente ações sobre mudanças climáticas, desmatamento e/ou segurança hídrica, além de apresentar as melhores iniciativas em estratégia e ações. Entre outros critérios, no quesito mudança climáticas, as têm que estabelecer metas com base científica para redução de gases de efeito estufa (GEE) e planos de transição alinhados ao limite máximo de 1,5°Celsius.

Já as reconhecidas no questionário de florestas, confirmaram compromissos de redução de desmatamento, além de ter rastreabilidade da origem de commodities. A Klabin, que representa a América Latina na ‘A List’ de segurança hídrica, reconheceu que o uso direto da água é vital para o sucesso dos negócios.

O CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos que administra o maior sistema mundial de divulgação de dados ambientais para empresas, cidades, estados e regiões.

Número de empresas brasileiras dobrou

No Brasil, o 6º país no mundo com o maior número de companhias reportando dados sobre seus desempenhos ambientais, a lista dobrou, passando de cinco integrantes em 2022 para 11, número que representa menos de 1% do total de 1.158 de participantes em 2023.

A diretora-executiva do CDP Latin America, Rebeca Lima, a presença latino-americana na lista é positiva considerando os avanços observados na maturidade das empresas em suas práticas. “Na região, o crescente número de organizações que conquistaram a classificação máxima reflete o maior engajamento de empresas que são líderes em seus segmentos de atuação e podem influenciar a transformação de suas cadeias produtivas. Temos potencial para nos tornarmos um excelente modelo global de desenvolvimento sustentável”, comenta.

Descarbonização conta

Em 2023, passou a ser exigida a verificação de 100% das emissões de escopos 1 e 2 (emissões diretas e indiretas de energia, respectivamente) e 70% de escopo 3 (emissões indiretas na cadeia produtiva). Antes, a verificação obrigatória era de apenas 70% para todos os escopos. Agora também é necessário indicar o engajamento com os fornecedores.

“As empresas que passaram a figurar na ‘A List’ em 2023 tiveram boas performances nos ciclos anteriores. Alcançar a nota A demonstra que elas estão respondendo ao chamado de aumento de ambição, isto é, entregar mais ações concretas em menos tempo. Neste processo, os investidores e a sociedade têm um papel importantíssimo de exigir comprometimento em práticas sustentáveis”, enfatiza Rebeca sobre o processo.

No Brasil, a nota do CDP passou a integrar a pontuação para empresas que querem integrar a carteira do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3, bolsa de valores brasileira, incentivando brasileiras listadas a melhorarem sua performance.

Triple A

Entre as empresas latino-americanas elencadas, apenas a brasileira Klabin, do setor de papel e celulose, obteve a classificação ‘Triple A’ por ter pontuado nota máxima nos três questionários disponíveis na plataforma do CDP, referentes às mudanças climáticas, segurança hídrica e florestas. Globalmente, participam da seleta lista apenas 10 empresas e essa é a terceira vez consecutiva que a Klabin se destaca.