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Transição energética avança em ritmo mais lento no mundo

Transição energética avança em ritmo mais lento no mundo

O Brasil e a China estão entre os que mais progrediram nos últimos anos, impulsionados por esforços para aumentar a sua quota de energia limpa e melhorar a confiabilidade da sua rede

19 de junho de 2024

A transição global para um sistema energético mais equitativo, seguro e sustentável perdeu impulso, face à crescente incerteza a nível mundial, de acordo com um novo relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado nesta quarta-feira (19/6). Embora 107 dos 120 países avaliados tenham progredido na última década, o ritmo global abrandou, devido à volatilidade econômica, aumento das tensões geopolíticas e mudanças tecnológicas. Dez países europeus aparecem no topo da lista em que o Brasil ocupa o 12º lugar, atrás da Alemanha e à frente do Reino Unido, mas é apontado como um dos que mais evoluíram.

A 14ª edição anual do relatório Fostering Effective Energy Transition 2024, publicado em colaboração com a Accenture, utiliza o Índice de Transição Energética (ETI) para avaliar 120 países no desempenho dos seus atuais sistemas energéticos, com foco no equilíbrio entre ambiente, sustentabilidade e segurança energética, e na sua preparação para a transição. A novidade deste ano são os “percursos personalizados” para analisar as características específicas de cada país, incluindo o nível de rendimento e os recursos energéticos locais, para fornecer recomendações específicas para cada região.

Os 10 países mais bem classificados são economias europeia predominantemente avançadas, que contribuem coletivamente com apenas 1% das emissões de dióxido de carbono (CO2) relacionadas à energia. Esta liderança é atribuída ao fato de os países da região se beneficiarem de um elevado compromisso político, de fortes investimentos em investigação e desenvolvimento, de uma maior adoção de energias limpas – acelerada pela geopolítica regional, políticas de eficiência energética e de precificação de carbono. A França é um novo participante entre os cinco primeiros, com medidas recentes de eficiência energética.

Entre as economias do G20, a Alemanha ficou na 11ª posição, seguida do Brasil e do Reino Unido. A China ocupa o 17º lugar, à frente dos Estados Unidos (19).

Brasil e China estão entre os que mais progrediram

O Brasil e a China progrediram significativamente nos últimos anos, diz o estudo, impulsionados principalmente por esforços de longo prazo para aumentar a sua quota de energia limpa e melhorar a confiabilidade da sua rede. O compromisso contínuo do Brasil com a energia hidrelétrica e os biocombustíveis, os recentes avanços na energia solar, juntamente com iniciativas adaptadas para criar novas oportunidades, têm sido fundamentais para atrair investimentos. 

Fostering Effective Energy Transition Joa
Fostering Effective Energy Transition Joa

Em 2023, a China também aumentou significativamente a sua capacidade de energia renovável e continuou a crescer e a investir na sua capacidade de produção de tecnologias limpas, como baterias para veículos elétricos, painéis solares, turbinas eólicas e outras tecnologias críticas. A China, juntamente com os EUA e a Índia, lidera o desenvolvimento de novas soluções e tecnologias energéticas.

Investimento continua concentrado

A diferença nas pontuações globais do IET diminuiu entre as economias avançadas e as em desenvolvimento e o “centro de gravidade” da transição se deslocando para os países em desenvolvimento. No entanto, o investimento em energias limpas continua concentrado nas economias avançadas e na China. 

De acordo com os autores, isso sublinha a necessidade de apoio financeiro das nações avançadas para facilitar uma transição energética equitativa às emergentes e em desenvolvimento. Como não existe uma solução universal, as políticas poderiam ser adaptadas às necessidades únicas de cada país, com base em fatores como o nível de renda, recursos e necessidades energéticas nacionais, bem como o contexto regional.

“Devemos garantir que a transição energética seja equitativa, dentro e entre as economias emergentes e desenvolvidas”, afirmou Roberto Bocca, chefe do Centro de Energia e Materiais do Fórum Económico Mundial. “Transformar a forma como produzimos e consumimos energia é fundamental para o sucesso. Precisamos de agir urgentemente em três alavancas fundamentais para a transição energética: reformar o atual sistema energético para reduzir as suas emissões, implementar soluções de energia limpa em grande escala e reduzir a intensidade energética por unidade de PIB.”

“O Índice de Transição Energética deste ano transmite uma mensagem clara: é necessária uma ação urgente. Os decisores globais devem tomar medidas ousadas para recuperar o ímpeto na transição para um futuro energético equitativo, seguro e sustentável. Isto é fundamental para as pessoas, para economias inteiras e para a luta contra as alterações climáticas”, afirmou Espen Mehlum, chefe de Inteligência de Transição Energética e Aceleração Regional do Fórum Econômico Mundial.