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Valor da tonelada do carbono na citricultura brasileira foi estimado pela Embrapa em U$ 7,72

Valor da tonelada do carbono na citricultura brasileira foi estimado pela Embrapa em U$ 7,72

Estudo pode servir de referência para o mercado voluntário de créditos de carbono e para o pagamento por serviços ambientais

13 de agosto de 2024

O preço do carbono na citricultura brasileira foi estimado em U$ 7,72 por tonelada de gás carbônico equivalente (tCO2e) segundo estudo da Embrapa. É a primeira vez que se chega a um valor do indicador para a produção de laranjas. O dado pode servir de referência para o mercado voluntário de créditos de carbono e para o pagamento por serviços ambientais.

A estimativa é da equipe da Embrapa Territorial, publicada em trabalho apresentado no 62º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober). O Brasil é o maior produtor de suco de laranja do mundo.

Segundo a analista da Embrapa, Daniela Tatiane de Souza, há poucos estudos científicos no Brasil para precificar o carbono na agricultura e ainda não havia nenhum voltado para a citricultura. “O que estamos fazendo é um trabalho pró-ativo para traçar perspectivas e estabelecer referências com base em metodologias adotadas internacionalmente”, afirma Souza.

“Como a redução das emissões de gases de efeito estufa e a remoção de CO2 da atmosfera têm um custo (social, econômico e ambiental), a precificação é necessária para saber quanto se deve pagar por uma tonelada de CO2 equivalente que deixou de ser emitida ou que foi removida da atmosfera por uma atividade ou projeto”, afirma o pesquisador da Embrapa Lauro Rodrigues Nogueira Júnior.

Segundo ele, a precificação de carbono serve de referência para quem vai receber e para quem vai pagar por isso. “É claro que é só uma referência, pois quando já se tem o certificado de emissão reduzida (CER), pode-se negociar valores maiores do que quem ainda vai iniciar um projeto”, detalha o pesquisador. “Esse valor serve também para programas governamentais de redução de emissões que precisam de referências, assim como para os programas de pagamento por serviços ambientais que vêm sendo implementados no Brasil”, complementa.

O valor estimado está próximo do que se observa para o setor agrícola, no mercado voluntário de carbono internacional, que variou de U$ 6,61 a U$ 11,02 por tCO2e nos últimos três anos, segundo o Eurosystem Marketplace.

Como não há estimativas no Brasil, para efeito comparativo, a equipe da Embrapa valeu-se de um estudo prévio que forneceu um valor médio para o preço do carbono da agricultura e da pecuária nacionais. Considerando uma atualização monetária, ele seria de U$ 7 por tCO2 e – muito próximo, portanto, aos U$ 7,72 por tCO2e estimados para o setor citrícola.

Carbono e fauna na citricultura

O trabalho faz parte de um projeto de pesquisa da Embrapa e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), que avalia a dinâmica dos estoques de carbono e da biodiversidade da fauna em áreas citrícolas de São Paulo e Minas Gerais. O projeto foi selecionado pelo Fundo de Inovação para Agricultores da empresa innocent drinks, do Reino Unido, que investiu recursos no estudo. Esse fundo oferece financiamento para fornecedores em iniciativas voltadas à transição para agricultura de baixo carbono, incremento da biodiversidade e práticas agrícolas justas.

A pesquisa estimou os estoques de carbono no cinturão citrícola em 36 milhões de toneladas, nos pomares, no solo e nas áreas com vegetação nativa dentro das fazendas produtoras. “Hoje sabemos que um hectare de citros estoca aproximadamente duas toneladas de carbono por ano, o que equivale a 7,32 tCO2”, diz Nogueira Júnior. Segundo ele, o trabalho que colheu dados para estimar o volume de carbono estocado nas laranjeiras brasileiras é inédito e chegou a uma média de 50 quilos do elemento por árvore.

O mesmo projeto identificou 314 espécies de animais silvestres no cinturão citrícola brasileiro. Foram flagrados ou encontrados vestígios de 268 aves, 28 mamíferos e 18 anfíbios e répteis. A onça-parda, a jaguatirica e o lobo-guará foram alguns dos animais de grande porte flagrados à noite pelas câmeras com sensor. Outros foram avistados e fotografados ou identificados pelas pegadas, fezes, ninhos e outros vestígios.

Maior produtor mundial de suco de laranja

O Brasil é responsável por 35% da produção mundial de laranja e por 75% do comércio internacional do suco da fruta. Na última safra, a produção ficou em 307,22 milhões de caixas e a exportação do suco ultrapassou 2,8 milhões de toneladas. São 463 mil hectares de pomares só no cinturão citrícola, a principal região produtora, onde se concentram também as indústrias processadoras de suco e subprodutos. O setor movimenta cerca de U$ 14 bilhões por ano.

Fotos: Carlos Ronquim/Divulgação Embrapa

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