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Verra suspende três projetos de crédito de carbono após operação policial no Brasil

Verra suspende três projetos de crédito de carbono após operação policial no Brasil

A maior certificadora global de projetos REDD+ decidiu por uma “ação extraordinária” enquanto a Polícia Federal conclui as investigações. Créditos foram comprados por grandes empresas

11 de junho de 2024

A Verra, maior certificadora global de créditos de carbono negociados no mercado voluntário, suspendeu três projetos brasileiros em decorrência da Operação Greenwashing deflagrada no último dia 5 pela Polícia Federal na Amazônia brasileira. A investigação teve como alvos projetos para geração de créditos de carbono no mercado voluntário. Essas iniciativas supostamente “verdes” são suspeitas de ligações com esquemas de grilagem de terras e extração ilegal de madeira.

De acordo com o comunicado divulgado pela empresa nesta segunda-feira (10/6), os projetos suspensos são o Unidade, o Fortaleza Ituxi e o Sempre-viva, desenvolvidos pela empresa brasileira Carbonext. Os três são projetos de Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal (Reducing Emissions from Deforestation and forest Degradation – REDD+), que visam evitar o desmatamento ou utilizam práticas de gestão do solo na agricultura. Os créditos gerados a partir dessas iniciativas foram comprados por grandes marcas como a corretora de créditos de carbono Moss, a aérea GOL, o iFood, o Itaú, a Toshiba, o Spotify e a Boeing.

Segundo a Verra, a suspensão é uma “ação extraordinária”, que significa que não pode ocorrer nenhuma transação relacionada ao projeto, incluindo com créditos de carbono, até que quaisquer problemas ou incertezas identificados tenham sido resolvidos.

A empresa também disse que sua decisão não não indica qualquer julgamento dos envolvidos e elogiou os esforços das autoridades brasileiras em suas investigações no mercado de carbono voluntário, acrescentando que “olha adiante para cooperar”: a Verra se esforça continuamente para defender os altíssimos padrões de conformidade com todas as leis e regulamentos locais e nacionais. Esse sempre foi e continuará sendo, um de nossos princípios fundamentais.”

Credibilidade abalada

Não é a primeira vez que denúncias relacionadas a projetos REDD+ abalam a credibilidade do mercado voluntário e estimula iniciativas para padronização desse comércio, como a que é liderada pelo Conselho de Integridade do Mercado Voluntário de Carbono (Integrity Council for the Voluntary Carbon Market – ICVCM).

A investigação da Polícia Federal revelou um esquema de fraudes fundiárias que se estendeu por mais de uma década, envolvendo a duplicação e falsificação de títulos de propriedade. Essas fraudes resultaram na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.