carbonreport.com.br

B4 foca na educação executiva enquanto espera movimentar R$12 bilhões em seu primeiro ano

B4 foca na educação executiva enquanto espera movimentar R$12 bilhões em seu primeiro ano

Em entrevista ao Carbon Report, o CEO da B4, Odair Rodrigues, diz que um dos diferenciais é a transparência maior: “Não dá tempo de uma empresa cometer uma fraude sem o mercado inteiro saber.”

12 de dezembro de 2023

Mariza Louven

Tem filas na B4, a primeira bolsa do mundo criada especificamente para transacionar créditos de carbono. Uma delas é de empresas que querem listar seus projetos de descarbonização, para gerar créditos de carbono negociáveis na plataforma; a outra é de pessoas interessadas no Trader Academy, um curso destinado a investidores que “precisam se arriscar de uma forma mais balizada”, afirma ao Carbon Report o CEO da instituição, Odair Rodrigues.

A meta de movimentar R$12 bilhões no primeiro ano foi mantida pela B4, apesar de a plataforma ainda não ter aberto o seu livro de ofertas e nem anunciado o primeiro projeto de créditos de carbono listado. Enquanto aguarda o impulso da regulamentação do mercado de créditos de carbono no Brasil, a empresa está se monetizando por meio da venda de serviços, como o de consultoria, e vai fechar o ano no azul, informa Rodrigues.

As empresas precisam entender que, investindo em lá nas florestas, vão ter ganhos aqui, afirma o CEO da B4, Odair Rodrigues: "Falo com conhecimento de causa. Morei um ano na Bacia Amazônica, na cidade de Itaúba, Mato Grosso. É difícil para quem mora lá e tem um cedro rosa, madeira super de lei e cara, mas precisa comprar um carro, um saco de arroz."
As empresas precisam entender que, investindo lá nas florestas, vão ter ganhos aqui, afirma o CEO da B4, Odair Rodrigues: "Falo com conhecimento de causa. Morei um ano na Bacia Amazônica, na cidade de Itaúba, Mato Grosso. É difícil para quem mora lá e tem um cedro rosa, madeira super de lei e cara, mas precisa comprar um carro, um saco de arroz."

“Nascemos com propósito. Somos uma bolsa de ação climática, que vai funcionar como ponte para que as empresas consigam executar planos de ação climática”, destaca Rodrigues. Segundo ele, entre os principais diferenciais da B4 estão o fato de só negociar papéis com lastro em ativos reais, oferecer mais segurança e transparência por meio da tecnologia blockchain, e ter um compliance rigoroso, que prevê auditorias de primeira, segunda e terceira partes.

O plano da B4 é divulgar o primeiro projeto listado até janeiro e iniciar em 2024 várias turmas para treinamento de agentes do mercado de descarbonização. A demanda é tanta que a empresa abriu, fechou e vai reabrir de novo o Trader Academy, um curso com foco em investidores que teve 580 inscrições em sua estreia e deixou mais de mil pessoas esperando. CEOs, CFOs e até integrantes de conselhos de administração também estão no radar da B4.

Os principais trechos da entrevista com Odair Rodrigues ao Carbon Report seguem abaixo.

O que é a B4 e o que motivou a criação dessa plataforma de negociação de créditos de carbono?

Odair Rodrigues: A B4 surgiu dentro da Starten, uma incubadora de projetos na Web3 que recebeu há cerca de cinco anos três projetos para criar um token, uma criptomoeda com lastro no crédito de carbono. Na época, éramos céticos quanto ao crédito de carbono. Tinha aqueles problemas de pirâmides acontecendo. Hoje, temos o maior orgulho de dizer que profissionalizamos uma base para podermos trabalhar: treinamos alguns players do mercado, principalmente auditorias e consultorias, para quando tivéssemos um projeto em que acreditássemos.

Por que vocês tinham dúvidas sobre o mercado de carbono?

Rodrigues: A gente não conseguia visualizar, materializar, por exemplo, a medição dos créditos de carbono. Não entendíamos como funcionava a captura do CO2. Estudamos um pouco mais para entender e depois vimos a Europa se movimentar, dar sinais de que esse mercado é líquido, viável, tem um benefício tangível. Foi a hora em que dissemos: tem alguma viabilidade. É a hora de chamar aqueles três projetos que queriam criar uma tokenização em créditos de carbono. Com um pouco mais de conhecimento, trabalhamos até ficar do jeito que entendemos ser viável como lastro. Isso aconteceu concomitantemente ao marco das criptomoedas. Por um lado, o mercado de carbono estava se estruturando e amadurecendo; e, por outro, o de blockchain também estava se estruturando no Brasil.

O que foi feito com os projetos?

Rodrigues: Entraram em protocolo de ação climática, que é como gente chama os processos que ocorrem no decorrer da estruturação, por exemplo, com auditorias de segunda e terceira parte, registro de dado imutável, conferências, formulários padronizados, procedimentos ABNT para emitir o token. Além disso, a empresa que realiza o projeto que vai originar os créditos de carbono precisa ter um plano de redução de sua própria pegada de carbono, para fazer sentido com o ativo. Quando os três projetos se tornaram protocolo, olhamos para o mercado de bolsa e percebemos que ninguém entenderia aquele negócio como nós. Assim, decidimos criar a nossa própria exchange, nossa própria bolsa de créditos de carbono. Quando começamos a olhar para token, criptomoedas, a gente também viu muita fraude, muito escândalo, coisa errada, compliance que não existe. Achamos que não poderíamos ir para o mercado dessa forma. Por isso decidimos lançar a B4 só no meio de 2024, mas vimos as coisas acontecendo e decidimos nos posicionar.

A B4 foi lançada este ano como teste?

Rodrigues: Queríamos ver como os mercados reagiriam ao nosso posicionamento. Tanto o mercado tradicional, B3, Bolsa de Londres, Nasdaq etc., quanto o mercado de criptomoedas. Apresentamos a proposta de só listar créditos sustentáveis. Quando nos posicionamos, aconteceu o que esperávamos. Não existia um mercado líquido. Tinha um mercado muito B2B, em que um banco vende os créditos para outro banco, uma indústria grande vende para o banco e o banco distribui numa carteira. O papel fica rodando na mesa.

Poucos participantes e pouca liquidez?

Rodrigues: Exato. A gente percebeu que tinha muita duplicidade de venda de saldo de créditos de carbono, o controle tecnológico era muito demorado. Percebemos que se compravam ou faziam negociação de um crédito numa segunda-feira, só depois de 15, 20 dias, é que iam dar baixa. Muito precário. Aí colocamos nessa equação o blockchain, para garantir que os dados que registramos não podem ser manipulados por ninguém. Isso também dá uma visibilidade muito boa para uma “big four” fazer uma auditoria com menos custo, porque há um dado muito relevante ali dentro. E dá segurança do papel para o banco, o distribuidor que queira comprar e custodiar. Então, consigo interpretar para todos os mercados que isso é muito viável do ponto de vista de papel, de dinheiro, de financiamento. Não somos uma alternativa à B3, nem somos uma B3. Não somos uma exchange de criptomoedas.

O que você achou da notícia de que a B3 está fazendo uma parceria com a AirCarbon Exchange para negociar créditos de carbono?

Rodrigues: Acho positivo, porque esse mercado precisa ter uma certa união. Quanto mais bolsas profissionais surgirem, com foco na ação climática, com o propósito de reduzir a pegada de carbono, para ajudar as empresas a mitigar ou evitar a pegada de carbono, ou monetizar os seus ativos de forma mais sustentável, é positivo para o ecossistema. Surgindo novas bolsas, significa que a gente tem mais liquidez, mais pessoas vão ter acesso e, aí, a gente consegue ter um mercado mais abrangente para as empresas e pessoas físicas baterem suas metas de ação climática.

O cliente de vocês vai ser sempre uma pessoa jurídica? Os investidores pessoas físicas vão poder entrar nesse mercado?

Rodrigues: É através das empresas que nós, pessoas físicas, vamos entrar no mercado de carbono. O mercado tradicional tem dois perfis. No primeiro, por exemplo, nós, pessoas físicas, temos ali os nossos R$10 mil na conta e vem o gerente do banco, que diz: ‘oi, tudo bem? Você gostaria de aplicar no CDI ou no Tesouro Direto, que vai te dar uma rentabilidade de 2,5% ao ano?’ Você responde: ‘quanto vou pagar de taxa de administração?’ E ele diz: ‘0,01%’. Aí, você vai decidir se aceita fazer o investimento. Até esse momento, você não é um profissional de investimento. Mas quando começar a investir, talvez comece a pensar no mercado de ações.

Num outro cenário, o mesmo gerente diz: ‘agora eu tenho aqui o investimento num projeto sustentável, que é feito pela Natura, em que ela apoia mais de mil pessoas em situação de vulnerabilidade no Acre, onde não tem saneamento básico. Esse investimento vai render os mesmos 2,5% do CDB ou do CDI, porém você vai ajudar um projeto muito bacana e ainda ter lucro com isso’. Olha a diferença!

O diferencial é o propósito?

Rodrigues: Do ponto de vista de transparência, quando você compra o primeiro papel, no mercado tradicional, você tem que aguardar três meses para a B3 publicar o relatório de relação com investidores, onde você vai ler se a empresa deu lucro etc. No segundo cenário, na B4, isso acontece em tempo real, é transparente. Não dá tempo de uma empresa cometer uma fraude sem o mercado inteiro saber. A segurança é muito mais forte.

Devido ao sistema blockchain?

Rodrigues: Ao blockchain e ao sistema de rastreabilidade que foi criado dentro da lógica de distribuição. Nunca será permitido emitir novos títulos sem lastro. Hoje, por exemplo, uma empresa do setor de comércio pode mudar o estatuto, emitir mais ações e jogar no mercado. No mercado de carbono, não pode.

O crédito de carbono tem que ser lastreado num projeto real, auditado, certificado?

Rodrigues: Exato. Essa é a diferença. Tem cerca de 5,8 milhões de pessoas físicas investindo na bolsa de valores tradicional. Esse número é muito pequeno para quase 25 anos de bolsa de valores. É problema de educação financeira? Talvez. Mas quando se compara com o mercado de criptomoedas, um mercado descentralizado, temos quase 30 vezes mais investidores. Hoje, só a principal corretora da América do Sul do mercado de bitcoin já tem mais de 15 milhões de usuários, sendo mais de oito milhões de usuários ativos, se não me engano. E o mercado de bitcoin não tem dez anos de operação intensa. Ou seja, estamos falando de um mercado tradicional, onde a transparência é 50%, e de outro mercado, o de criptomoedas, em que a transparência é 98%.

A transparência é a chave?

Rodrigues: A gente está defendendo que as bolsas de negociações sejam transparentes e imutáveis, para que eu coloque o meu dinheiro lá. A mudança é de um mercado líquido, com base em papéis, para um mercado líquido com base em lastro. Se você olhar para a história, o lastro do ouro, estabelecido em Bretton Woods, acabou há quase 40 anos e ficou a confiança.

O lastro real já existe, na bolsa de mercadorias. Qual é a diferença?

Rodrigues: Não tem diferença. O mercado de commodities, por exemplo, vende a futuro porque depende da plantação e do clima, e não poderia ser diferente. Se vou plantar soja aqui, serão tantos hectares de soja, o mercado confia e está tudo certo. Tem que ter uma divisão clara: bolsa de commodities, com venda a futuro, tudo certo, porque precisa abastecer a barriga das pessoas. Ferro, aço, minério, a mesma coisa: é preciso construir coisas. Agora, atividade de comércio, não. Tem que ser mais tangível. Se o Magazine Luiza, por exemplo, listou suas ações, que ativo tangível coloca para dar garantia de que, se a empresa quebrar, consegue pagar? É um risco. Nesses casos, estou comprando dívida. Quando uma empresa lista suas ações na Bolsa tradicional, em geral, não o faz para alavancar as operações e sim porque precisa de dinheiro para pagar dívida. Noventa por cento é assim.

Como está sendo a listagem dos projetos e quais são as expectativas, considerando o projeto de regulação do mercado no Brasil?

Rodrigues: Quando a gente levantou a mão e se colocou no mercado, recebeu muitas empresas querendo listar créditos de carbono, mas enfrentamos problemas básicos. Chegavam, por exemplo, empresas para listar créditos que elas não tinham originado. Elas tinham mandato do originador. Não vamos listar um crédito da pessoa secundária. Vamos listar o crédito do originador. Outro problema foi com o quadro societário. Algumas vezes a empresa que estava originando o crédito era dona de uma indústria poluente.

O poluidor pode vender créditos de carbono?

Rodrigues: Não, mas pode comprar, pelo menos no nosso protocolo.

Quantas empresas quiseram listar projetos?

Rodrigues: Mais ou menos umas 180 no primeiro mês. Ainda não aprovamos nenhuma. Temos 48 no roadmap, pendentes de ajustes. Entre os motivos para não termos listado de imediato estão o amadurecimento do mercado. O Projeto de Lei do mercado de carbono acabou de ser aprovado no Senado. Outro é o compliance. Como a gente tem auditoria de primeira, segunda e terceira parte, quando há um problema, é preciso ajustar para listar e dar segurança a quem vai comprar os títulos. Tem que estar tudo 100% para seguirmos. E existe ainda o problema da publicidade. Se a empresa que originar o crédito não quer dar publicidade, não faz sentido. Tem que assumir o compromisso. Parecem detalhes, pequenos, mas para a gente fazem diferença. Agora estão chegando empresas muito mais estruturadas e preparadas. Houve um aumento da qualidade das empresas que querem listar os seus créditos de carbono a B4.

Quando vocês vão anunciar o primeiro projeto listado?

Rodrigues: Queremos que seja este ano. Talvez abra a listagem este mês e em janeiro a gente faça uma publicidade um pouco maior. Temos uma preocupação com a imagem dos fundadores do projeto, fechamento de ano, balanço patrimonial, provar que o crédito gerado está relacionado à redução da pegada de carbono.

Vocês aceitam as certificadoras e validadoras de créditos de carbono que já estão no mercado, como a Verra?

Rodrigues: Se chega um crédito certificado, a gente pede uma auditoria de terceira parte, para ver se está tudo 100%.

Supondo que vocês listem o primeiro projeto em janeiro, o que pode impulsionar os seus negócios?

Rodrigues: O que tem de diferente nesse processo todo, que não é novo, é a exigência de medir as emissões, entregar obrigações acessórias, com a lei que regula o mercado de carbono no Brasil. Não significa que as empresas vão ser penalizadas no ponto de partida. Significa que o negócio é sério e que vai ser preciso criar projetos a longo prazo e trabalhar. A B4 está aqui para levar as empresas nesse percurso, do início ao fim. Se a empresa não sabe como começar um projeto de ação climática, vem aqui na B4 que a gente pega na mão e ensina.

Vão oferecer cursos?

Rodrigues: Sim, já temos parcerias com algumas faculdades. Serão cursos para CEOs e CFOs de como colocar os créditos de carbono nos balanços ambientais, quais são os critérios de realocação de centro de custos, de como preparar o orçamento. Será uma dinâmica mais focada em como estruturar o orçamento para esse plano de sustentabilidade. Vamos ter também cursos de menor duração, que chamamos de Trader Academy para os investidores que precisam se arriscar de uma forma mais balizada. Já realizamos um piloto e vamos abrir outra rodada agora, em janeiro.

Teve muita gente?

Rodrigues: Para ser exato, 580 pessoas se inscreveram e ficaram mais de mil interessadas esperando. Abrimos, fechamos e vamos abrir de novo as inscrições. Serão cursos presenciais.

O curso é para qualquer pessoa?

Rodrigues: O nome é Trader Academy, focado nas pessoas que têm um certo conhecimento no mercado de investimentos, como os day traders, que todos os dias operam nesse mercado de investimentos. Quem quer aprender o básico também pode entrar. Quanto mais agentes financeiros estiverem entendendo esse mercado de créditos de carbono, mais gente estará no livro de ofertas, comprando e vendendo, de uma forma educada.

E os conselheiros de administração, que interferem muito nos big business?

Rodrigues: A gente está abrindo a B4 Education, que vai criar uma nova dinâmica para treinar conselheiros, para eles entenderem como funciona esse novo mecanismo de transição da economia, que chamamos carinhosamente de finanças regenerativas. Quem vai cuidar disso para gente é o Sérgio All, fundador e CEO da Conta Black. Tem que treinar esse pessoal para, na hora que o assunto chegar no Conselho de Administração, passar. É preciso tangibilizar isso para eles. Se eles enxergam, na prática, como funciona, os projetos têm mais chances de serem aprovados no conselho. Queremos mostrar que existe uma nova economia, mas que não é só de fala. Que ela acontece de fato. Não vamos ficar fazendo eventos institucionais.

O mercado sempre se arrepia com novas regras e regulamentações. Nessa nova economia, a regulação vai ser importante?

Rodrigues: Hoje, o mercado financeiro tem opções de venda de papéis tradicionais. O cara que está na mesa só vende ações de 120 empresas, ainda tem poucos distribuidores de ações no Brasil, tem pouco acesso do investidor internacional ao mercado brasiliero, por conta da legislação. Mas imagine se esse distribuidor de ações e ativos financeiros tivesse mais um papel pra vender, só que sustentável?
Ele vai ter mais um papel dentro do portfólio dele, que inclusive poderá vender em cada empresa da carteira de derivativos que ele já tem. Terá uma possibilidade muito maior de, se estiver perdendo na aplicação tradicional, de recuperar com o papel sustentável. Pode ser que essa crise do mercado tradicional se mantenha por mais um tempo, mas, por outro lado, o mercado da economia sustentável pode ajudar a recuperar as perdas.

Qualquer um pode comprar os créditos de carbono listados, incluindo pessoas físicas?

Rodrigues: Tanto pessoas físicas quanto jurídicas. A diferença é que quando a pessoa jurídica tiver um projeto de ação climática para compensar suas emissões, ela tem que comprar e inutilizar aquele crédito. Não pode usar de novo. A pessoa física pode, sim, comprar o crédito de carbono na B4 e, inclusive, ser impactada pela própria empresa da qual ela consome o produto. Por exemplo, se a Heineken fizer uma campanha de marketing dizendo que vai ser sustentável e quiser dar um benefício ao consumidor, talvez ele compre porque a marca é legal, a empresa está apoiando um projeto interessante. O consumidor pode pegar o crédito para reduzir a pegada de carbono dele, mas também doar para ajudar um projeto que ainda não tem dinheiro a se tornar sustentável. Vai ter uma “gamificação”. Hoje, com a internet, é muito fácil de “gamificar”. Isso aconteceu bastante no mercado de pontos. Acredito que possa se tornar uma tendência no mercado de carbono.

Qual é a meta da B4?

Rodrigues: Movimentar mais ou menos R$12 bilhões no primeiro ano, com impulso da regulamentação do mercado. Muitas empresas terão que fazer inventários. Só em São Paulo, tem mais de um milhão de empresas que serão obrigadas a fazer inventário de emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, são mais de oito milhões. Tem mercado para todo mundo. Nossa meta principal é fazer um evento por mês de prestação de contas, educar bastante e ir mostrando as entregas para o mercado. A gente ainda precisa se provar.

E os que tentam desqualificar esse mercado?

Rodrigues: Não somos ambientalistas, mas estamos criando ferramentas para que, de fato, quem está lá, apagando fogo, tenha uma ajuda. A gente tem que explicar para as empresas que, se a floresta está pegando fogo, eu não preciso ir lá apagar o fogo com milhões de cédulas. Preciso criar projetos e mecanismos para que o fogo não se alastre. Tenho que garantir que a B4 vai conseguir distribuir renda, por exemplo, para que a pessoa que tem 10 hectares de florestas não precise cortar uma árvores para trocar por um remédio na farmácia. A empresa não precisa colocar um milhão de reais aqui e sim comprar mil receptores de internet para colocar lá na floresta. Investindo lá, vai ter um ganho aqui. Falo com conhecimento de causa. Morei um ano na Bacia Amazônica, na cidade de Itaúba, no Mato Grosso. É difícil para quem mora lá e tem um cedro rosa, madeira super de lei e cara, mas precisa comprar um carro, um saco de arroz.