carbonreport.com.br

Estudo indica que o clima, as condições urbanas e sociais e o aquecimento global influenciam o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti

Estudo indica que o clima, as condições urbanas e sociais e o aquecimento global influenciam o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti

Estudo conduzido pela Uerj aponta os impactos das mudanças climáticas nos casos de dengue no Rio de Janeiro

06 de fevereiro de 2024

O aumento dos casos de dengue no Brasil no início de 2024 está mobilizando autoridades, comunidades e pesquisadores para combater o Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença. O Ministério da Saúde registrou 217.481 casos prováveis ​​em todo o país e mais de 9 mil no Rio de Janeiro neste ano, em comparação com 1.960 em 2023. Esses números destacam a importância do alerta emitido por uma pesquisa sobre mudanças climáticas e o aumento das temperaturas e umidade como fatores que impulsionam a proliferação do mosquito.

A pesquisa, conduzida pelos professores Antonio Carlos da Silva Oscar Júnior, do Instituto de Geografia (Igeog) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Francisco de Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná, aponta que o clima, as condições urbanas e sociais, e o aquecimento global influenciam o desenvolvimento do mosquito. . Para se reproduzir, o Aedes aegypti necessita de temperaturas entre 20°C e 30°C, água parada e umidade adequada. Esses fatores climáticos afetam sua população nas cidades e aumentam o risco de exposição da comunidade à dengue.                            

Apoiada pela Faperj e CNPq, a pesquisa utiliza modelagem climática para prever cenários até 2070, destacando a possibilidade de perda da sazonalidade da dengue e um aumento de casos durante o inverno. Isso poderia sobrecarregar o sistema de saúde e afetar o planejamento de campanhas de prevenção. Além disso, há preocupação com a expansão do Aedes aegypti para novas áreas, como o Centro-Sul fluminense e a Região Serrana, onde antes não havia registro da doença. Isso pode levar a um aumento de casos de dengue hemorrágica, uma vez que o mosquito é capaz de se adaptar às mudanças e sobreviver.

Apesar do cenário pessimista evidenciado pela pesquisa, Oscar defende a estratégia da vacinação aliada à eliminação das condições de desenvolvimento do vírus, para frear o avanço da doença. “É necessário ainda investir em saneamento básico e garantir que as metas estabelecidas sejam cumpridas no nosso estado. Essas ações ajudam a evitar o estoque de água da população e, consequentemente, diminuem a sua exposição ao vetor, porque isso inibe também o desenvolvimento do mosquito”, lembra o professor.