Maiores emissores de CO2, países desenvolvidos se comprometeram a liberar recursos para apoiar as nações mais vulneráveis na adaptação à crise climática
30 de novembro de 2023
Em poucas horas, os delegados presentes na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) aprovaram, nesta quinta-feira (30/11), a operacionalização de um fundo para compensar os países mais vulneráveis pelas perdas e danos causados por desastres climáticos.
A rápida conclusão das negociações, já no primeiro dia da cúpula da ONU de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, está sendo vista como um avanço importante na direção de uma maior justiça climática. Isso porque os países ricos são os que mais emitem os gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global, enquanto os mais pobres têm mais dificuldade de lidar com as consequências do problema.
Perdas e danos são as consequências negativas das mudanças climáticas, como subida do nível do mar, ondas de calor prolongadas, fortes secas, desertificação, acidificação do mar e catástrofes climáticas extremas. Entre elas estão incêndios florestais, extinção de espécies de plantas e animais e quebras de colheitas.
À medida que a crise climática se desenrola, estes acontecimentos acontecerão cada vez com mais frequência e as consequências serão mais graves, segundo os cientistas.
Historicamente, os países do G20, entre os quais está o Brasil, emitiram a maior parte dos gases de efeito estufa que provocaram a crise climática. Já o continente africano, por exemplo, é o que menos contribui para o problema. No entanto, é também o mais vulnerável e terá que gastar mais na adaptação à crise climática do que com a saúde.
Fundo de perdas e danos vem sendo cobrado há anos
“As notícias de hoje sobre perdas e danos dão um início rápido a esta conferência da ONU sobre o clima. Todos os governos e negociadores devem aproveitar este impulso para alcançar resultados ambiciosos aqui em Dubai”, disse o chefe da ONU para o clima, Simon Stiell, durante uma conferência de imprensa na qual o anúncio da conclusão das negociações foi feito.
O fundo vem sendo cobrado há anos pelas nações em desenvolvimento, “que estão na vanguarda das alterações climáticas e que fazem face ao custo da devastação causada por fenômenos meteorológicos extremos cada vez maiores, como secas, inundações e subida dos mares”, diz o comunicado da ONU.
Após vários anos de intensas negociações nas reuniões anuais da ONU sobre o clima, os países desenvolvidos finalmente ampliaram o seu apoio à necessidade de criação do fundo no ano passado, durante a COP27 em Sharm el-Sheikh, no Egipto.
O país anfitrião da COP28, os Emirados Árabes Unidos, vai contribuir com US$100 milhões para o fundo, segundo o sultão Al-Jaber. A Alemanha também prometeu destinar outros US$100 milhões. Estados Unidos e Japão anunciaram que participarão.