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Haddad e Marina Silva apresentam títulos verdes a investidores na Bolsa de Nova de Nova York

Haddad e Marina Silva apresentam títulos verdes a investidores na Bolsa de Nova de Nova York

Os ministros participaram do seminário “Brasil em foco”, realizado pela CNI e pela Fiesp. Segundo Haddad, Tesouro decidirá quanto e quando os green bonds serão colocados no mercado

Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, apresentaram hoje a investidores o plano de lançamento de títulos verdes pelo Brasil, durante evento na Bolsa de Valores de Nova York. Os green bonds vão capitalizar o Fund Clima e servir para financiar o Plano de Transição Ecológica do país.

A meta de captar R$ 10 bilhões, mencionada por Marina, segundo Haddad é só o começo de um processo. O ministro evitou dar detalhes sobre prazos e valores, devido ao período de silêncio que antecede esse tipo de operação. Mas informou que os títulos estão “programados para setembro, outubro”, destacando que caberá ao Tesouro Nacional decidir a conveniência de quanto e quando os papéis serão colocados no mercado. 

Haddad e Marina participaram do seminário Brazil on Focus, realizado na Bolsa de Nova York pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O ministro destacou que os R$ 10 bilhões são “muito pouco” frente ao tamanho do Plano de Transição Energética, e garantiu que o país tem condições de captar muito mais recursos no exterior. Segundo ele, isso ocorre porque o Brasil tem “a melhor matriz energética do mundo” e condição de dobrar a produção de energia limpa em menos de dez anos. Haddad citou que especialistas calculam em cinco anos esse prazo. 

“A energia limpa pode ser exportada, na forma de energia ou no produto manufaturado”, disse ele. Por isso, de acordo com Haddad, a energia verde pode ser complementar à neoindustrialização do país. A ideia é ganhar mercado internacional com produtos net zero manufaturados no Brasil, explicou.

O assessor especial da Fazenda, Rafael Dubeux, que vai assumir a Secretaria Adjunta da pasta, fez 36 reuniões com cerca de 60 fundo de investimento, disse o ministro, destacado as condições “especialíssimas brasileiras em relação ao tema da sustentabilidade”.

Ambiente de negócios atraiu interesse no roadshow 

De acordo com Haddad, o roadshow abordou os indicadores macroeconômicos, de crescimento, marco fiscal, reforma tributária e outras iniciativas que, segundo ele, melhoram o ambiente de negócios no Brasil e dão sustentabilidade no médio e longo prazos. Outro destaque foram as vantagens comparativas do Brasil, devido à sua matriz elétrica 92% limpa e da matriz energética 47% limpa e do potencial brasileiro de dobrar a produção de energia limpa no espaço de cinco anos.

O objetivo de dar todos esses esclarecimentos aos investidores é lançar os títulos sustentáveis e também atrair investimento na produção industrial voltada para a transição verde. “Vamos tentar unir a transição energética à transição ecológica, mediante um processo de neoindustrialização”, confirmou Haddad.

“Depois desse roadshow, começa um período de silêncio, em que você não pode mais divulgar montante e data. O que nós podemos dizer é que estamos preparados para lançar, mas agora cabe ao Tesouro Nacional, depois do roadshow e da expectativa gerada a partir dele, fazer o anúncio formal do lançamento dos títulos”, reforçou.

Recurso carimbado para projetos sustentáveis

A receptividade é a melhor possível, sobretudo porque esse recurso fica carimbado para financiar projetos sustentáveis com taxas de juros mais convidativas do que a que temos hoje, disse Haddad. “Lembrando que o Brasil já vem reduzindo as suas taxas de juros internas, mas esse financiamento internacional vai permitir que esse processo seja acelerado”, disse Haddad.

De acordo com integrantes do governo presentes, a sinalização dos investidores foi muito positiva. Houve um interesse muito grande em relação não só ao Plano de Transição Ecológica, mas também ao arcabouço dos títulos sustentáveis.

Agenda financeira é complementar

O ministro disse que o Projeto de Lei regulamentando o mercado de créditos de carbono, em tramitação no Senado, os títulos sustentáveis e a reforma tributária são fundamentais para a transição brasileira. 

“Estamos endereçando. O presidente assinou essa semana a Lei do Combustível do Futuro, que detalha todas as iniciativas tecnológicas voltadas para a energia limpa, sobretudo aos biocombustíveis”, acrescentou Haddad. O ministro citou outras fontes de energia cuja regulação vai ser aperfeiçoada e o hidrogênio, que provavelmente vai exigir uma regulação própria.

O ministro não vê problema no fato de a agenda de transição coincidir, no Congresso, como outras como a reforma tributária: “penso que essas agendas são todas complementares”, disse ele, citado que agora começa o ajuste no Orçamento de 2024 na Câmara e o Senado está ultimando a reforma tributária iniciada na Câmara. O Senado também vai discutir o Projeto de Lei dos créditos de carbono. Já o dos combustíveis do futuro foi para a Câmara semana passada.

O ministro destacou a queda de 48% do desmatamento da Amazônia mesmo antes das medidas em curso: “Está todo mundo de queixo caído com esse resultado. As pessoas imaginavam que ele viria em dois, três anos.

Foto: Fernando Haddad – Washington Costa/Agência Brasil