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Julho de 2023 será o mês mais quente já registrado no Hemisfério Norte

Julho de 2023 será o mês mais quente já registrado no Hemisfério Norte

“Não precisamos esperar o final do mês para saber disso”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Segundo ele, a não ser que ocorra uma mini Era do Gelo nos próximos dias, julho de 2023 quebrará todos os recordes.

No Brasil é inverno, mas os países do Hemisfério Norte estão enfrentando temperaturas sem precedentes. Depois de três semanas de forte calor naquela parte do planeta, não foi necessário fechar o mês para a Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas e o observatório europeu Copernicus concluírem que julho de 2023 será o mês mais quente já registrado. Até agora, o recorde tinha sido registrado em julho de 2019.

De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (27/7), em julho também ocorreram os três dias mais quentes já registrados, além das temperaturas oceânicas mais altas de todos os tempos para esta época do ano.

O clima extremo que afetou milhões de pessoas este mês tem relação com as mudanças climáticas e pode ser uma amostra do futuro, segundo o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas. “A necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa é mais urgente do que nunca. A ação climática não é um luxo, mas uma obrigação”, acrescentou.

Verão cruel

Grande parte da América do Norte, Ásia e Europa estão sofrendo os impactos das ondas de calor, enquanto incêndios florestais têm sido registrados em países como Canadá e Grécia, com grandes impactos na saúde das pessoas, no meio ambiente e nas economias.

“Para vastas partes da América do Norte, Ásia, África e Europa – é um verão cruel. Para todo o planeta, é um desastre. E para os cientistas, é inequívoco – os humanos são os culpados. Tudo isso é inteiramente consistente com previsões e avisos repetidos. A única surpresa é a rapidez da mudança”, disse Guterres.

Em 6 de julho, a temperatura média global do ar ultrapassou o recorde estabelecido em agosto de 2016, tornando-se o dia mais quente de todos os tempos, com 5 e 7 de julho logo atrás. 

“Temperaturas recordes fazem parte da tendência de aumentos drásticos nas temperaturas globais. As emissões antrópicas (causadas por humanos) são, em última análise, o principal fator dessas temperaturas crescentes”, disse Carlo Buontempo, Diretor do Copernicus Climate Change Service (C3S).

Segundo ele, “é improvável que o recorde de julho permaneça isolado este ano. As previsões sazonais do C3S indicam que as temperaturas nas áreas terrestres provavelmente estarão bem acima da média, excedendo o percentil 80 da climatologia para a época do ano”.

Acima do limite estabelecido pelo Acordo de Paris

A temperatura média global excedeu temporariamente o limite de 1,5° Celsius acima do nível pré-industrial – estabelecido pelo Acordo de Paris – durante a primeira e a terceira semana do mês. Desde maio, a temperatura média global da superfície do mar está bem acima dos valores observados anteriormente para a época do ano, contribuindo para um julho excepcionalmente quente.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, há 98% de probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado e 66% de chance de exceder temporariamente 1,5°C acima da média de 1850-1900 por pelo menos um dos cinco anos.

No ar, recordes diários e no mês

De acordo com o conjunto de dados ERA5, a temperatura média global do ar na superfície atingiu seu valor diário mais alto (17,08°C) em 6 de julho de 2023. Todos os dias desde 3 de julho foram mais quentes do que o recorde anterior de 16,80°C de 13 de agosto de 2016.

A temperatura média global do ar da superfície, nos primeiros 23 dias de julho de 2023, foi de 16,95°C. Isso está bem acima dos 16,63°C registrados para todo o mês de julho de 2019, que é o julho mais quente até agora.

No mar, temperaturas bem acima da média

As temperaturas médias diárias da superfície do mar nos oceanos extrapolares globais permaneceram em valores recordes para a época do ano desde abril de 2023. Desde meados de maio, essas temperaturas globais aumentaram para níveis sem precedentes para a época do ano. De acordo com os dados do ERA5, no dia 19 de julho, o valor diário atingiu 20,94°C, apenas 0,01°C abaixo do valor mais alto registrado em 29 de março de 2016 (20,95°C).

Na China 52,2°C, em 16 de julho

A China também registrou um novo recorde nacional de temperatura, de 52,2°C, em 16 de julho, na cidade de Turpan, província de Xinjiang, de acordo com a Administração Meteorológica da China.