carbonreport.com.br

Lei do mercado de carbono pode ser votada esta semana na Câmara, mas voltará ao Senado

Lei do mercado de carbono pode ser votada esta semana na Câmara, mas voltará ao Senado

O relator na Câmara, deputado Aliel Machado (PV-PR), prevê que, mesmo ocorrendo a votação na Casa neste fim de ano ou no início do próximo, o projeto retorne ao Senado e depois volte à Câmara

19 de dezembro de 2023

A regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões está entre as prioridades de votação na Câmara dos Deputados esta semana, a última antes do recesso parlamentar. Mesmo que seja apreciado pelo plenário da Casa nos próximos dias, o texto ainda deverá voltar ao Senado e depois retornar para ser finalizado, disse nesta terça-feira (19/12) o relator da proposta na Câmara, deputado Aliel Machado (PV-PR), em entrevista à Rádio Câmara.

Deputado Aliel Machado (PV-PR)
Deputado Aliel Machado (PV-PR)

Como o Projeto de Lei 412/2022, aprovado pelo Senado em outubro, foi apensado a uma proposta mais antiga que já tramitava na Câmara (PL 528/2021), o texto final voltará ao Senado para revisão.

A expectativa é votar o projeto na Câmara “neste fim de ano ou, no máximo, no início do próximo ano”, disse o relator. Ainda assim, “o Senado deve fazer uma revisão, dar sua colaboração e retornar para a Câmara dos Deputados, para a gente finalizar e ter um projeto que seja referência para o mundo e que ajude o nosso país.”

Machado disse ter conversado com diversos líderes para preparar o texto ao longo dos últimos 40 dias em que também discutiu com setores do governo. “Existem pontos de divergência e pontos de convergência. O que todos sabemos ser importante é ter um projeto aprovado. Nós estamos ainda fazendo adequações, já que é uma complexidade enorme tratar de um tema como esse, que tem muitas ações em que o detalhe conta muito. Uma vírgula pode mudar toda uma lógica, o encaminhamento. Mas nós temos um texto.”

Potencial do Brasil

O deputado citou a estimativa de que o Brasil está transacionando apenas 1% de sua capacidade no mercado voluntário de créditos de carbono, apesar de o país ter 15% de toda a capacidade mundial de desenvolver projetos de captação de carbono em florestas. “O que estamos fazendo nessa lei é regulamentar os setores regulados, colocando as regras no sistema de governo, colocando a questão da tributação, as regras de acompanhamento técnico dentro do setor regulado. Já no mercado voluntário, como o nome diz, compra quem quer, vende quem quer. Quanto menos intromissão governamental, mais sucesso esse mercado pode ter.”

Machado destaca, porém, a necessidade de ter regras que impeçam a dupla contagem e tornem o mercado robusto, referência para o mundo.

“Esse é um assunto que trata das duas principais agendas no nosso país: agenda ambiental e a agenda econômica, já que nós temos a possibilidade, inclusive, pelo potencial do Brasil de diminuir as nossas desigualdades e fazer disso um ativo importante, que nos ajude também do ponto de vista econômico, cumprindo com todas as obrigações e os objetivos ambientais.

O mercado de créditos de carbono é um mecanismo para que as empresas participem, disse ele. Com a regulamentação, algumas delas terão uma cota de emissões estipulada pelo governo e que precisarão cumprir. Se emitirem menos gases de efeito estufa do que o estipulado, ficarão com uma quota positiva, que poderão comercializar.

“Se elas não conseguirem atingir as metas estabelecidas, se elas continuarem poluindo de maneira muito forte, elas terão prejuízo financeiro e econômico”, porque precisarão comprar cotas de empresas que conseguiram diminuir as suas emissões.

De acordo com o deputado, a situação ambiental é gravíssima. “Estamos tendo um aumento da temperatura no planeta e a causa disso é o aumento da produção dos gases de efeito estufa. O grande desafio que nós temos agora é fazer uma transição energética para diminuirmos a emissão desses gases que causam prejuízo ao meio ambiente. Sabendo disso, está sendo instituído o mercado de carbono a nível mundial’, reforçou.

O projeto (4516/23), que trata do combustível do futuro, também faz parte da agenda da chamada Economia Verde.