carbonreport.com.br

Lloyd’s prevê que clima extremo pode provocar perdas mundiais de US$ 5 trilhões em cinco anos

Lloyd’s prevê que clima extremo pode provocar perdas mundiais de US$ 5 trilhões em cinco anos

Estudo do Lloyd’s Futureset e do Centro de Estudos de Cambridge avalia que possíveis perturbações, danos e perdas econômicas generalizadas, que acarretariam mudanças nos alinhamentos geopolíticos

Não é à toa que o setor de seguros é um dos maiores interessados no mapeamento dos riscos relacionados aos eventos climáticos extremos, que podem aumentar a ocorrência de sinistros – pagamento de indenização em caso de danos em patrimônios segurados. Recentemente, o Lloyd’s de Londres, mercado líder mundial de seguros e resseguros, divulgou um estudo segundo o qual o cenário plausível de aumento da crise climática poderia provocar perdas de US$ 5 trilhões na economia mundial ao longo de cinco anos.

O cálculo hipotético leva em conta a média ponderada entre as três gravidades de perdas modeladas pelo estudo conduzido pelo Lloyd’s Futureset (plataforma criada para prever e gerir riscos), em parceria com o Centro de Estudos de Risco da Universidade de Cambridge: maior, grave e extrema. Para cada uma delas, foi obtido um resultado. No mais extremo, de US$ 17,6 trilhões; no intermediário, US$ 5 trilhões; e US$ 3 trilhões no de menor gravidade.

A descarbonização da economia é considerada fundamental para conter a crise climática.

Escassez de alimentos e água

O trabalho explora como um aumento hipotético, mas plausível, de fenômenos meteorológicos extremos poderia levar a falhas nas colheitas em celeiros – regiões estratégicas de produção de grãos alimentícios como arroz, trigo, milho e soja – e à escassez global significativa de alimentos e água.

De acordo com os pesquisadores, as sociedades de todo o mundo poderão assistir a perturbações, danos e perdas econômicas generalizadas, que acarretariam grandes mudanças nos alinhamentos geopolíticos e no comportamento dos consumidores.

Além de modelar o cenário de risco sistêmico global, análises regionais apontam perdas econômicas potenciais no caso de os eventos climáticos se concentrarem numa determinada região. São analisados o tempo de recuperação de cada país ou região, o que depende da estrutura da sua economia, dos níveis de exposição ao risco e da resiliência.

Regionalmente, a Grande China, seria a região do mundo que sentiria o maior impacto financeiro, com perdas estimadas em R$ 4,6 trilhões ao longo de cinco anos. Já na América Latina seria de R$ 1,21 trilhão.

Hoje, as perdas anuais seguradas, relacionadas a desastres naturais, são já são estimadas em mais de R$100 bilhões. A mudança climática pode ampliar esse valor e levar o preço dos seguros.

Risco sistêmico é o de baixa probabilidade e alto impacto

O primeira de uma série de nove cenários de risco sistêmico, tem o objetivo de esclarecer sobre o papel do rico climático e a mitigação para construir resiliência.

“A economia global está se tornando mais complexa e cada vez mais sujeita a ameaças sistêmicas”, afirmou o diretor-executivo de Riscos Sistêmicos do Centro de Estudos de Risco de Cambridge, Trevor Maynard.

O trabalho foi apoiado por uma ferramenta de dados de ponta que fornece às empresas, governos e seguradoras uma avaliação do impacto financeiro baseado em dados das ameaças globais mais significativas que a sociedade enfrenta hoje. Foram considerados os impactos de eventos climáticos extremos no Produto Interno Bruto (PIB) de 107 países.

Além do cenário global, a ferramenta de dados inclui análises regionais que ilustram as potenciais perdas econômicas caso os problemas se concentrem numa determinada região. O tempo de recuperação de cada país ou região depende da estrutura da sua economia, dos níveis de exposição e da resiliência.

A investigação destaca que existe uma lacuna significativa na proteção dos riscos climáticos. As estimativas sugerem que apenas um terço das perdas econômicas globais causadas por condições meteorológicas extremas e riscos relacionados ao clima estão atualmente seguradas.

“O Lloyd’s está empenhado em construir a compreensão e a resiliência da sociedade em torno do risco sistémico e em proteger os nossos clientes contra as crescentes ameaças climáticas. É fundamental que o nosso mercado continue a colaborar com os setores público e privado para enfrentar este desafio em grande escala e garantir um futuro sustentável para todos”, disse John Neal, CEO do Lloyd’s.