Petrobras, ExxonMobil e Aramco estão entre as companhias que concordaram e cortar em mais de 80% as emissões de metano dos seus poços e perfurações até 2030 conter o aquecimento global
03 de dezembro de 2023
O secretário-geral da ONU, António Guterres, reagiu neste domingo (3/12) ao anúncio das maiores petroleiras do mundo de que vão reduzir em mais de 80% as emissões de metano dos seus poços e perfurações até 2030. A medida visa ajudar a conter o aquecimento global descontrolado.
Segundo o chefe da ONU, a promessa feita na véspera pela indústria de óleo e gás, durante a Conferência do Clima (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, ainda está muito aquém do que é necessário para enfrentar de forma significativa a crise climática. A adesão a um pacto para a redução das emissões de metano em suas operações. Entre as companhias que anunciaram a adesão a um pacto para redução das emissões de metano em suas operações estão a Petrobras e gigantes como ExxonMobil, dos Estados Unidos, e Aramco, da Arábia Saudita.
As empresas signatárias da Carta de Descarbonização do Petróleo e do Gás são responsáveis por 40% da produção mundial, de acordo com o comunicado oficial da COP28. Dessas companhias, mais da metade é formada por estatais.
O despertar da indústria do petróleo
“A indústria dos combustíveis fósseis está finalmente começando a despertar, mas as promessas feitas ainda ficam claramente aquém do que é necessário”, disse Guterres. Segundo ele, este é um “passo na direção certa”, mas a promessa não resolve uma questão central, que é a eliminação das emissões de gases de efeito estufa provenientes do consumo de combustíveis fósseis.
O metano (CH4) é um componente primário do gás natural, responsável por cerca de um terço do aquecimento planetário que vemos hoje, disse a ONU. Este gás tem vida curta, mas é mais poderoso do que o dióxido de carbono (CO2). Sem medidas sérias, acrescentou Guterres, as emissões antropogênicas (causadas por atividades humanas) poderão aumentar em até 13% até 2030.
Carta de Descarbonização
A Carta de Descarbonização do Petróleo e do Gás foi celebrada pelo presidente da COP28 e CEO da companhia de petróleo local, a ADNOC, sultão Al-Jaber, como “um grande primeiro passo”. O documento prevê “operações neutras em termos de carbono” até 2050, acabar com a queima de gás até 2030 e reduzir as emissões de metano para quase zero.
“Se quisermos acelerar os avanços em toda a agenda climática, temos de reconhecer a responsabilidade de todos pela ação climática. Todos temos de nos concentrar na redução das emissões e aplicar uma visão positiva para impulsionar a ação climática e levar todos a agir”, disse Al-Jaber.
O pacto prevê ainda o investimento em energias renováveis, “combustíveis com baixo teor de carbono” e “tecnologias de emissões negativas”.
Ambientalistas criticam ausência de meta sobre eliminação do uso de fósseis
Organizações ambientalistas criticaram a carta por não fazer menção à eliminação do uso de combustível fóssil em algum momento. “A iniciativa das petrolíferas anunciada na COP28 é ainda insuficiente, pois está limitada à redução de emissões de exploração de petróleo e gás, sem nenhuma menção à eliminação de combustível fóssil de maneira gradual”, disse Alexandre Prado, líder de Mudanças Climáticas da WWF-Brasil.
As reduções das emissões anunciadas podem ser alcançadas com projetos de compensação e captura de carbono, explicou o executivo. “Em termos climáticos é muito ruim, são passos muito tímidos perante a emergência climática que estamos vivendo”, disse.
Petrobras vai compensar emissões com créditos de carbono
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, publicou um vídeo no Twitter no qual expõe o plano da empresa de se valer de créditos de carbono para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.
“Os créditos vão permitir acelerar a descarbonização a Petrobras, do Brasil, atuando na manutenção da floresta em pé e no restauro de ecossistemas”, disse Prates.
“É preciso compreender que o mundo não pode parar de usar petróleo de um dia para o outro. Nós ainda vamos precisar dele. É importante que as receitas petrolíferas dos estados e das empresas sejam usadas gradualmente, cada vez mais, para a transição energética”, acrescentou.