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Onda Verde quer ser o maior banco de produtos e serviços de descarbonização da América Latina

Onda Verde quer ser o maior banco de produtos e serviços de descarbonização da América Latina

Acesso será liberado a partir do próximo dia 10 de outubro para os interessados em realizar negócios voltados para a economia verde e combate às mudanças climáticas

Mariza Louven

Plataforma Onda Verde, criada pela Climate Ventures com o objetivo de ser o maior banco de soluções de descarbonização da América Latina, quer chegar à Conferência do Clima da ONU (COP 28), no fim do ano, em Dubai, com mil usuários ativos. Para a COP 30, em 2025, no Brasil, a meta é reunir cinco mil empresas e pessoas físicas. Startups, ONGs, investidores, contratantes ou fornecedoras de produtos e serviços para a economia verde podem participar.

O hub de negócios será oficialmente lançado em Dubai, com adições de funcionalidades em relação à versão beta que será disponibilizada no próximo dia 10 de outubro, durante o ClimAction, organizado pela Climate Ventures e pelo Carbon Disclosure Project (CDP), informa ao Carbon Report a coordenadora de Projetos da Climate Ventures, Amanda Magalhães.

Nesta data, os participantes poderão começar a ter acesso aos dados da plataforma, que iniciou em agosto passado um período de pré-lançamento para inscrição de pessoas jurídicas – devido à necessidade de validação dos dados. No primeiro mês, foram reunidos 391 participantes.

A plataforma é uma realização da Climate Ventures com co-realização do Instituto Clima e Sociedade (iCS). A Climate Ventures firmou parceria em julho com a Future Carbon e o Pacto Global para anúncio da Onda Verde como ferramenta do Movimento Ambição Net Zero no Brasil, com apoio do Fundo Vale, do Instituto Cidadania Empresarial (ICE) e da Tozzini Freire.

Daniel Contrucci, diretor executivo e cofundador da Climate Ventures

Existe hoje no Brasil e na América Latina uma carência muito grande de uma base de dados sobre o ecossistema de negócios verdes que seja unificada, atualizada e qualificada. As informações sobre as soluções existentes são fragmentadas e pulverizadas, e os atores do mercado estão pouco conectados uns com os outros”, afirma Daniel Contrucci, diretor executivo e cofundador da Climate Ventures, organização voltada para o desenvolvimento de soluções para a crise climática e que desde 2018 já mapeou mais de mil iniciativas do setor no Brasil e América Latina.

Segundo ele, a ausência de uma taxonomia reconhecida para entender e classificar os stakeholders também contribui para dificultar o escalonamento e a criação de conexões efetivas. “O nosso objetivo é criar um ambiente que permita não só a troca segura de informações, mas a própria geração de negócios entre quem quer mostrar seu impacto ambiental positivo e quem deseja encontrar soluções verdes”, acrescenta.

Amanda Magalhães

As soluções verdes disponibilizadas são produtos e/ou serviços que contribuem para a transição para uma economia regenerativa e de baixo carbono, incluindo iniciativas relacionadas ao mercado de carbono”, esclarece Amanda Magalhães. 

Segundo ela, não está previsto, pelo menos no início, o comércio de créditos de carbono ou certificação. “Entretanto, são caminhos e funcionalidades que podemos explorar no futuro, a depender dos aprendizados das interações com os usuários”, informa.

Segundo ela, a plataforma utiliza em sua taxonomia a matriz de oportunidades com os sete setores-chave e o setor financeiro. Cada oportunidade se traduz em diversos subsetores, que promovem resultados ambientais positivos ou mitigam impactos ambientais negativos, acrescenta Magalhães. “Temos soluções em cada um dos setores da matriz, listadas na base”, acrescenta.

Banco de negócios visa mobilizar capital

O mercado de baixo carbono é atualmente foco de fomento tanto dos setores públicos quanto privados. Somente através do Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), existem mais de US$ 130 trilhões de capital privado comprometidos com a economia de baixo carbono, enquanto um estudo da Associação Brasileira de Bioinovação revela que o desenvolvimento da área pode acrescentar US$ 284 bilhões por ano ao faturamento industrial do país, até 2050.

“A Plataforma Onda Verde identifica as oportunidades-chave da transição para uma economia de baixo carbono que deverá ocorrer até a metade deste século. É uma fonte de informações central para empreendedores e investidores navegarem os desafios desse processo”, afirma Gustavo Pinheiro, coordenador do portfólio de Economia de Baixo Carbono do Instituto Clima e Sociedade, parceira da Climate Ventures na iniciativa.

Acreditamos que a plataforma contribuirá bastante para a mobilização de financiamento, uma vez que centraliza as informações de ofertantes de soluções verdes e demandantes em um só local, complementa Magalhães.

“Dentre os demandantes de soluções verdes, temos organizações investidoras, instituições filantrópicas e financeiras”, diz ela. Além disso, acrescenta, possui ferramentas de inteligência conectiva, que analisa os dados disponíveis e promove matches otimizados, a partir de aprendizado de máquina e outras técnicas de data science.

Matchmaking

Para a realização dos encontros entre contratantes, contratados, governos e investidores, a plataforma irá utilizar algoritmos de matchmaking construídos com técnicas de machine learning que darão escala à inteligência conectiva desenvolvida pela Climate Ventures. O objetivo é preencher lacunas no mercado de baixo carbono, conectando os atores da economia verde comprometidos com a agenda climática, e impulsionando a transição para uma economia sustentável.

“A Plataforma Onda Verde vem ocupar uma lacuna grande de falta de conexão entre demanda de solução para descarbonização com oferta de solução, pois hospedará o maior banco de dados da América Latina. Como consequência dessa conexão, esperamos que novos negócios sejam realizados resultando em redução das emissões e impacto positivo no ecossistema. Especialmente para as empresas do Movimento Ambição Net-Zero é ter as soluções para alcançar coletivamente o quanto antes a trajetória em direção a redução das duas gigas toneladas que temos como meta até 2030”, afirma Laura Albuquerque, head de Solutions da Future Carbon.