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PAC entrou na agenda de descarbonização

PAC entrou na agenda de descarbonização

Lula ressalta papel do setor privado no lançamento do Novo PAC, que segundo Haddad marcou nascimento do Plano de Transição Ecológica

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) entrou na agenda de descarbonização pela via da transição e segurança energética e aumento da sustentabilidade e resiliência das cidades frente às mudanças climáticas. A versão 2023 do PAC foi lançada nesta sexta-feira (11/8) pelo presidente Lula, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Presidente Lula

“O Estado vai voltar a ser um Estado empresarial. Os empresários não tenham medo disso. A gente não quer um Estado empresário. A gente quer um Estado indutor”, disse o presidente Lula durante a cerimônia em que afirmou esperar a geração de no mínimo quatro milhões de emprego com as obas do PAC.

A previsão é de o Novo PAC alavancar R$ 1,7 trilhão nos próximos anos, sendo R$ 1,4 trilhão até 2026. Do total, R$ 371 bilhões virão do Orçamento Geral da União. Por meio de parcerias público-privadas, o setor empresarial deverá entrar com R$ 612 bilhões, segundo cálculos do governo. As empresas estatais vão aportar R$ 343 bilhões, especialmente a Petrobras, e mais R$ 362 bilhões virão de financiamentos.

Haddad diz que meio ambiente e desenvolvimento não são adversários

O ministro da Fazenda Fernando Haddad destacou que, junto com o Novo PAC, nasceu o Plano de Transição Ecológica, segundo ele fruto de uma aliança incomum entre os ministérios da Fazenda e Meio Ambiente e Mudanças do Clima.

Ministro Haddad

“Em geral, no mundo, essas áreas são vistas como adversárias, como se olhar para o meio ambiente fosse voltar as costas para o desenvolvimento. O Brasil, pelas suas particularidades geopolíticas e geoambientais, pode se dar ao dever de unir desenvolvimento e sustentabilidade”, disse o ministro.

Haddad acrescentou que, com o Plano de Transição Ecológica, nasce uma nova maneira de pensar, de governar, de empreender, de viver e de agir ecologicamente, para que o desenvolvimento econômico e social caminhe de mãos dadas com a preservação ambiental.

Transição energética terá R$ 540 bilhões

Um dos eixos do programa é a Transição e Segurança Energética, que segundo o divulgado terá R$ 540 bilhões para obras de expansão da capacidade de energia elétrica e aumento da produção de derivados e de combustíveis de baixo carbono. Segundo o governo, 80% do acréscimo da capacidade de energia elétrica virá de fontes renováveis. 

Com R$ 610 bilhões, o maior investimento previsto é para o eixo Cidades Sustentáveis e Resilientes, que inclui investimentos em modernização da mobilidade urbana de forma sustentável, urbanização de favelas, esgotamento sanitário, gestão de resíduos sólidos e contenção de encostas e combate a enchentes. 

Os investimentos em recursos hídricos e na recuperação das bacias hidrográficas estão previstos no eixo Água para Todos, com investimentos de R$ 30 bilhões. O objetivo é garantir água de qualidade e em quantidade para a população, chegando até as áreas mais remotas do país. 

A pegada ambiental do PAC é alinhada ao Plano de Transição Ecológica em elaboração pelo Ministério da Fazenda. Combate ao desmatamento, investimento em energias eólica, solar, hidrogênio verde, biocombustíveis e marco regulatório da mineração são alguns dos focos do projeto que também conta com a participação do setor privado. O governo quer atrair capital privado por meio de PPPs e financiamentos para projetos net-zero – emissões líquidas zero de carbono.

Editais em setembro

Uma segunda etapa do PAC será lançada em setembro, com a publicação de editais que somam R$ 136 bilhões para a seleção de outros projetos prioritários de estados e municípios. 

Os editais vão incluir ações para urbanização de favelas, abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, mobilidade urbana e prevenção a desastres naturais, unidades básicas de saúde, policlínicas e maternidades, creches, escolas e ônibus escolares. Também haverá ações para cultura e esportes. 

Desafios

A primeira versão do PAC foi anunciada pelo presidente Lula em janeiro de 2007, com o objetivo de superar os gargalos de infraestrutura do país. Primeiramente, o programa previu investimentos de R$ 503,9 bilhões em ações de infraestrutura nas áreas de transporte, energia, saneamento, habitação e recursos hídricos, entre 2007 e 2010.

Uma segunda etapa do programa, o PAC 2, foi anunciada em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff, com investimentos previstos em R$ 708 bilhões em ações de infraestrutura social e urbana.

Entre os desafios do Novo PAC está evitar os erros das edições anteriores, que resultaram em descontinuidade e paralisação de obras.

Adaptação das cidades às mudanças climáticas

De acordo com o conteúdo divulgado pelo governo, a parceria entre governo federal e setor privado, estados, municípios e movimentos sociais é uma das principais marcas do novo programa comprometido com a transição ecológica, a reindustrialização, o crescimento com inclusão social e a sustentabilidade ambiental.  

O Novo PAC tem foco no aperfeiçoamento do ambiente regulatório e do licenciamento ambiental; expansão do crédito e incentivos econômicos; aprimoramento dos mecanismos de concessão e PPPs; alinhamento ao plano de transição ecológica; e planejamento, gestão e compras públicas.

Conteúdo baseado em informações da Agência Brasil e Canal Gov da EBC