Recursos captados serão alocados em ações que impulsionem a sustentabilidade e contribuam para a mitigação de mudanças climáticas, conservação de recursos naturais e desenvolvimento social
14 de novembro de 2023
O Brasil emitiu US$ 2 bilhões em títulos sustentáveis nesta segunda-feira (13/11), a uma taxa de 6,25% ao ano e um spread de 181,9 pontos-base acima da Treasury de referência (título do tesouro norte-americano). Este é o menor nível em novas emissões brasileiras em quase uma década, informou o Tesouro Nacional. Realizada pela primeira vez, a colocação de títulos sustentáveis em dólares, no mercado internacional, foi considerada um sucesso.
Por que isso é relevante?, perguntou o ministro, depois de dizer que considerou o resultado “bastante expressivo”. Porque esse é o spread pago, em geral, por países com grau de investimento, disse ele. De acordo com Haddad, as condições obtidas significam que o mercado internacional reconhece o Brasil como se o país tivesse grau de investimento: está cobrando uma taxa de juros comparável, por exemplo, ao México, complementou. Os recursos serão usados, majoritariamente, na área ambiental.
A medida do sucesso da operação é, principalmente, a queda do spread, de 280 para 180 pontos em pouco mais de seis meses, disse Haddad. Independente da avaliação das agências de risco, acrescentou, para o mercado, o Brasil “tem a credibilidade de um país com grau de investimento.”
Operação sustentável inédita em dólares
O Tesouro Nacional havia informado, pela manhã, que o país faria sua primeira emissão de título sustentável em dólares no mercado internacional, um benchmark de sete anos, denominado GLOBAL 2031 ESG, com vencimento em 2031. O objetivo, de acordo com a instituição, foi reafirmar o compromisso da República com políticas sustentáveis, convergindo com o crescente interesse de investidores não residentes e com a expansão do mercado de títulos temáticos no mundo.
De acordo com o Tesouro, o GLOBAL 2031 ESG tem vencimento em 18 de março de 2031, com pagamento do juro aos investidores entre 18 de março e 18 de setembro de cada ano. A emissão ocorreu ao preço de 98,572% do seu valor de face.
Segundo o Tesouro, representa um novo marco na gestão da Dívida Pública Federal, ao reafirmar o compromisso da República com políticas sustentáveis, convergindo com o crescente interesse de investidores não residentes, e com a expansão do mercado de títulos temáticos no mundo.
Após o anúncio do Arcabouço Brasileiro para Títulos Soberanos Sustentáveis, o Tesouro Nacional dá continuidade, com esta operação, à execução de sua estratégia de alocar o montante equivalente aos recursos captados em ações que impulsionem a sustentabilidade e contribuam para a mitigação de mudanças climáticas, para a conservação de recursos naturais e para o desenvolvimento social, nas proporções indicadas abaixo:
A composição indicativa é que no mínimo 75% sejam dedicados ao financiamento de novas despesas e no máximo 25% sejam dedicados ao refinanciamento de despesas já executadas, ou em curso. Visando dar transparência às categorias de alocação consideradas, o Brasil apresentou, no relatório de pré-emissão, uma listagem indicativa de categorias que podem ser consideradas para despesas verdes e sociais.
A emissão reforça o papel importante da dívida externa em termos de alongamento de prazo, diversificação de indexadores e da base de investidores. Adicionalmente, corrobora o papel da Dívida Pública Federal externa de promover referência para o setor corporativo, razão pela qual o Tesouro Nacional escolheu um benchmark de 7 anos, onde se concentram as emissões privadas.
A primeira emissão de títulos sustentáveis do Tesouro Nacional atraiu um interesse significativo de investidores, que pode ser mensurado pelas mais de 240 ordens no ápice do livro de ofertas. A demanda superou largamente o volume emitido, com o livro de ordens próximo a US$ 6 bilhões.
Houve expressiva participação investidores não residentes, sendo cerca de 75% oriundos da Europa e da América do Norte, com a América Latina, incluindo o Brasil, respondendo por 25%. Majoritariamente absorvida por investidores de longo prazo, teve gestores de ativos adquirindo cerca de 60% dos títulos, e contou com expressiva demanda de contas ESG, participantes do non-deal road show realizado pelo Brasil no início de setembro de 2023.
Os bancos Itaú, J.P. Morgan e Santander lideram a operação. A liquidação financeira ocorrerá em 20 de novembro de 2023.