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Banco Mundial lança primeiro quadro de orientações para investimento no carbono azul

Banco Mundial lança primeiro quadro de orientações para investimento no carbono azul

Programa Desbloqueando o Desenvolvimento do Carbono Azul, financiado pelo fundo Problue, destaca o potencial de mercado do CO2 dos oceanos, maiores sumidouros de calor do planeta

23 de novembro de 2023

Os ecossistemas costeiros e marinhos capturam mais dióxido de carbono do que as florestas, segundo o Banco Mundial, que acaba de lançar o seu primeiro quadro de orientações para estimular o investimento no chamado carbono azul. Um hectare de manguezal, por exemplo, armazena cinco vezes mais CO2 do que uma área semelhante de floresta terrestre. Conservar essas áreas pode ajudar a combater as mudanças climáticas, criar mais empregos, melhorar a qualidade de vida das pessoas e ​​gerar créditos de carbono de alta qualidade, segundo a instituição.

O programa Desbloqueando o Desenvolvimento do Carbono Azul (Unlocking Blue Carbon Development), financiado pelo fundo Problue, aponta o armazenamento de carbono em ecossistemas costeiros e marinhos como uma ferramenta poderosa na luta contra as mudanças climáticas. Ressalta, ainda, o seu potencial de gerar créditos de CO2, “desde que verificados e vendidos através de mercados de carbono transparentes, podendo gerar rendimentos adicionais para as comunidades locais”.

Segundo o estudo, os oceanos são o maior sumidouro de calor do planeta, absorvendo 90% do excesso de temperatura provocado pelas mudanças climáticas e 23% das emissões de CO2 causadas pelo homem. Parar a destruição e a degradação das ervas marinhas, por exemplo, poderia poupar até 650 milhões de toneladas de emissões de carbono por ano, aproximadamente o equivalente a todas as emissões anuais da indústria naval global.

“Investir na preservação e na reposição de mangues, ervas marinhas e outros sistemas naturais de armazenamento de carbono azul pode apoiar um mundo livre da pobreza num planeta habitável”, disse Valerie Hickey, diretora global do Banco Mundial para o Ambiente, Recursos Naturais e Economia Azul. “Estes ecossistemas não só armazenam carbono, mas também proporcionam uma infinidade de benefícios, incluindo o apoio à pesca e à segurança alimentar, a promoção do turismo e do emprego, ajuda na proteção das comunidades costeiras quanto a desastres climáticos e fornecimento de habitats naturais para a vida selvagem.”

Os ecossistemas de carbono azul demonstram como o desenvolvimento, o clima e a natureza trabalham em conjunto para alimentar, proteger, capacitar e elevar as comunidades, diz o texto. Estima-se que 4,1 milhões de pescadores de pequena escala, em todo o mundo, dependem dos manguezais para pescar. Esses ecossistemas também protegem mais de seis milhões de pessoas das inundações e evitam perdas anuais adicionais de US$24 bilhões de ativos produtivos.

O relatório do Banco Mundial oferece um conjunto inédito de recomendações para orientar os países no processo de investimento no carbono azul. Entre elas, estão desenvolver inventários de gases de efeito de estufa e considerar a promoção do capital natural azul na tomada de decisões.

A lista inclui criar um ambiente benéfico para maximizar os benefícios locais do carbono azul, adotar uma abordagem holística para mobilizar financiamento, promover parcerias público-privadas (PPP) para o desenvolvimento do mercado de carbono azul e identificar cadeias de valor para reduzir a degradação dos ecossistemas.

O relatório observa que mais de 50% dos pântanos salgados originais do mundo foram perdidos durante o século XX e esta degradação continua até hoje. “As pessoas não percebem quão poderosos são esses sumidouros de carbono – eles armazenam cinco vezes mais carbono do que as florestas”, disse Michele Diez, especialista ambiental sênior e gestora de programas do Problue.

“Se for perturbado, o carbono armazenado nesses ecossistemas durante milhares de anos será libertado na atmosfera – com impactos prejudiciais para o nosso clima. Chegou a hora de os governos investirem nestes ecossistemas poderosos. O Banco Mundial está pronto para apoiar os nossos parceiros no investimento num planeta habitável”, acrescentou Diez.