A obra do economista John W. Reid e do biólogo Thomas E. Lovejoy será lançada esta semana no Brasil, pela Editora Voo, em eventos em Brasília e no Rio
27 de novembro de 2023
Mariza Louven
O futuro do planeta e o combate às mudanças climáticas dependem de cinco megaflorestas. Uma delas é a Floresta Amazônica. O alerta é do economista John W. Reid e do biólogo Thomas E. Lovejoy, no livro “Megaflorestas – Preservar o que temos para salvar o planeta”, que está sendo lançado no Brasil pela Editora Voo. A versão brasileira conta com prefácio da ministra do Meio Ambiente e Mudança do do Clima, Marina Silva, e apoio do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Reid estará no Brasil para os eventos, nesta terça-feira (28/11), às 18h30, na Livraria da Vila, no Iguatemi Brasília; e no dia seguinte, às 19h30, no restaurante Brota, em Botafogo, Rio de Janeiro. Nessas ocasiões, o autor falará sobre a construção da obra e os desafios climáticos globais.
O lançamento é mais do que oportuno, às vésperas do início da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), nesta quinta-feira (30/11), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. “A crise climática saiu do reino da teoria e especulação. Ela está aqui”, declara o economista. Ele fundou o Conservation Strategy Fund (CSF), organização que já trabalhou com os governos do Brasil, Indonésia, Peru, Uganda e outros países e instituições globais. A prática aplicada de “economia da conservação” valeu ao CSF o Prêmio MacArthur 2012 para Instituições Criativas e Eficazes.
Lovejoy encontrou-se pela primeira vez com uma grande floresta em junho de 1965, quando chegou a Belém, no Brasil. Em 1980, cunhou o termo “diversidade biológica” e realizou uma projeção inédita de extinções globais. Desenvolveu os programas de troca de “dívida por natureza” e liderou o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, experimento com mais de 40 anos sobre a fragmentação de florestas. Considerado o fundador da biologia da mudança climática, atuou como membro sênior da Fundação das Nações Unidas e professor na George Mason University até a sua morte, em dezembro de 2021.
O papel das florestas na descarbonização
Os autores mencionam que volumes dramáticos de carbono se movimentaram pelo planeta desde o início dos tempos e destacam o papel das florestas na descarbonização. “Em duas ocasiões, as plantas já descarbonizaram a atmosfera em grande escala. A primeira vez ocorreu há cerca de 400 milhões de anos”, citam. “Depois, há 252 milhões de anos”. Elas “reduziram o carbono da atmosfera aos níveis atuais, condições nas quais os seres humanos e o restante da biota atual prosperaram.”
Segundo eles, preservar grandes quantidades de carbono em florestas intactas é barato porque essas terras são remotas e o processo é simples. “Manter o carbono em florestas tropicais custa um quinto do que reduzir emissões energéticas e industriais nos Estados Unidos ou na Europa. E é, no mínimo, sete vezes mais econômico do que reflorestar áreas desmatadas. Tal oportunidade ainda é incrivelmente ignorada e desconsiderada na maioria dos planos nacionais de combate às mudanças climáticas.”
Prefácio de Marina Silva destaca emergência climática
“Em Megaflorestas, o ecólogo Thomas Lovejoy e o economista John Reid nos mostram que a melhor ciência não está longe da poesia, do sentimento de solidariedade e dos mais elevados ideais humanistas. Seu apelo para que a humanidade salve as grandes florestas, salvando, assim, a si mesma e o planeta que habita, torna-se uma conversa esperançosa e apaixonada sem deixar de ser científica”, afirma a ministra Marina Silva no prefácio da obra. “No decorrer da leitura, depois de mapear, situar e conceituar as megaflorestas, Reid e Lovejoy passam a tratar do que podemos chamar de construção econômica da emergência climática e o papel central das megaflorestas no processamento de seu elemento central, o gás carbônico.”
Megaflorestas aborda a Floresta Amazônica e outras quatro: Taiga, que se estende desde o Oceano Pacífico por toda a Rússia e pelo extremo norte da Europa; Boreal norte-americana, que vai da costa do Mar de Bering, no Alasca, até o litoral atlântico do Canadá; Floresta do Congo, que ocupa áreas em seis países na zona equatorial e úmida da África; e Floresta da ilha de Nova Guiné, cujo tamanho é o dobro do território da Califórnia.
Os autores relatam que, “nos últimos anos, os governos protegeram centenas de milhões de hectares nas megaflorestas da Amazônia e da bacia do Congo. Criaram-se fundos bem administrados que permitem contribuições internacionais para custear gastos com pessoal e suprimentos nessas áreas. Alguns parques surgiram de forma impositiva, o que gerou resistência local e produziu duras e importantes lições. Categorias inovadoras de áreas protegidas emergiram durante os anos 2000, especialmente na Amazônia, para acomodar a inevitável interação das pessoas com a natureza à medida que tanto a população quanto a área protegida crescem”, diz o texto.
“Vejo com muita esperança a atual retomada desse inspirador compromisso ambiental pela sociedade brasileira”, escreve Reid.
Uma viagem para dentro das florestas
O texto dos autores, em forma de diário de campo, torna a narrativa leve e conduz o leitor para dentro das florestas que são um verdadeiro “alvoroço de vida”. Detalhes encantadores da natureza não escapam aos olhos atentos dos pesquisadores. Da cor da água de um riacho ao formato da cauda de um pássaro, Reid e Lovejoy tornam a leitura cativante na entrada de cada capítulo, para então seguirem na explicação sobre a importância de preservar tudo que tem ali, essencial na remoção do carbono da atmosfera.
No mundo, segundo eles, há lampejos de progressos em todas as frentes, mas ainda não é suficiente. É preciso salvar as florestas, preservar a biodiversidade e as milhares de culturas que ali habitam. Afinal, os povos indígenas são, segundo os autores, os grupos que mais conhecem as matas, parceiros na preservação da natureza, e a gestão indígena de territórios ancestrais é uma forma viável e ética de salvar as megaflorestas.
“Ever green – Saving big forests to save the planet” é o título original da obra, que tem tradução de João Paulo Pimentel.
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