O relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, divulgado nesta terça-feira pelo Banco Mundial, prevê um crescimento da economia mais fraco em 2024, pelo terceiro ano consecutivo
09 de janeiro de 2024
Mariza Louven
Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão, diz o ditado popular que traduz o desafio de promover a reconstrução da confiança global, tema central da Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial de 2024. O encontro de lideranças internacionais começa segunda-feira, em Davos, na Suíça, em meio ao agravamento das crises econômica e climática. O resultado um tanto decepcionante da Conferência do Clima da ONU (COP28), no fim de 2023, em Dubai, não torna o panorama mais animador.
Nesta terça-feira (9/1), o Banco Mundial divulgou o relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, com a previsão de que o crescimento mundial desacelere pelo terceiro ano consecutivo, em 2024, caindo para 2,4%, frente aos 2,6% estimados para 2023. Segundo a instituição, o mundo caminha para a pior meia década dos últimos 30 anos.
As incertezas que desestabilizam
Num cenário de aumento da divisão e da incerteza, que continuam a desestabilizar o mundo, o Fórum de Davos prevê reunir cerca de 60 chefes de governo e de estado, além de 1.600 lideranças empresariais de 120 países e diferentes setores. O objetivo é promover o diálogo, a colaboração e as parcerias para enfrentar os maiores desafios globais, entre os quais continuam no topo da lista as mudanças climáticas e os conflitos geopolíticos – com seus impactos sobre a oferta de energia, a inflação, os juros e a segurança alimentar.
“Estamos diante de um mundo fragmentado e dividido socialmente, em direção à incerteza e ao pessimismo generalizados. Temos que reconstruir a confiança no nosso futuro, nos movimentando para além do gerenciamento da crise, olhando para a raiz dos problemas e construindo juntos um futuro mais promissor”, disse o anfitrião Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial.
Representantes dos governos brasileiro e da Rússia não aparecem na lista das principais lideranças confirmadas. Entre os destaques divulgados pelo Fórum estão o primeiro-ministro da China, Li Qiang, os presidentes da França, Emmanuel Macron, da Argentina, Javier Milei, da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy e do Estado de Israel, Isaac Herzog. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também foi citada, assim como o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Mais uma década perdida?
O Banco Mundial espera que o crescimento econômico global seja mais lento em 2024, mas que volte a aumentar marginalmente, para 2,7%, em 2025. Ainda assim, o resultado em cinco anos deve permanecer abaixo da taxa média da década de 2010.
De acordo com a instituição, o aumento das tensões geopolíticas apresentará novos desafios a curto prazo, tornando o crescimento mais difícil do que na década anterior para a maioria das economias, este ano e em 2025.
O Banco Mundial alertou que, sem uma “grande correção de rumo”, os anos 2020 serão considerados “uma década de oportunidades desperdiçadas”.