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A startup Ebb começa a capturar carbono marinho

A startup Ebb começa a capturar carbono marinho

Empresa fundada por ex-executivos do Google X, Tesla e SolarCity, anunciou que começou a operar o seu primeiro sistema de remoção de carbono e desacidificação do mar

A Ebb Carbon, uma startup de tecnologia climática fundada por ex-executivos do Google X, Tesla e SolarCity, anunciou que começou a operar o seu primeiro sistema de remoção de dióxido de carbono (CO2) marinho e desacidificação dos oceanos nas instalações do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico (PNNL) do Departamento de Energia dos Estados Unidos, na Baía de Sequim, Washington. O excesso de carbono não está só no ar, mas também no oceano, provocando o aumento da temperatura das águas e a morte de corais e outras vidas marinhas.

O início da operação acontece após a Ebb ter levantado US$ 20 milhões, em abril este ano, para desenvolver e implantar sua tecnologia que aumenta e acelera a capacidade natural do oceano de capturar e armazenar permanentemente o CO2 da atmosfera. Este é considerado o maior investimento, até agora, em uma tecnologia de remoção de carbono baseada no oceano.

“Dadas as realidades das mudanças climáticas, devemos agir rapidamente para implantar soluções para remover o excesso de CO2 da atmosfera”, disse no comunicado Ben Tarbell, CEO da Ebb Carbon.

O sistema da Ebb na Baía de Sequim Bay tem capacidade para remover até 100 toneladas de CO2 atmosférico por ano, mas operará com capacidade reduzida para permitir a pesquisa da Ebb e seus parceiros científicos. É projetado para acelerar um processo natural que restaura a química do oceano ao neutralizar o excesso de acidez das águas, resultado direto do excesso de emissões de gases de efeito estufa geradas pelo homem nos últimos 200 anos e ameaça os ecossistemas marinhos. 

A tecnologia não apenas restaura a química dos oceanos, mas também permite que a água do mar absorva com segurança o CO2 atmosférico, convertendo-o em bicarbonato – solução natural de armazenamento de carbono no oceano. Em grande escala, o método pode desempenhar um papel significativo na remoção de CO2 já emitido na atmosfera e necessária para cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris.

Filtro desacidifica a água do mar

A Ebb está adotando uma abordagem baseada na ciência para sua primeira implantação, em parceria com algumas das instituições de monitoramento e modelagem oceânicas mais respeitadas do mundo. O objetivo é coletar e compartilhar publicamente os dados. As informações fornecerão uma base para futuras iniciativas que visam contribuir para solucionar a emergência climática.
“Dadas as realidades da mudança climática, devemos agir rapidamente para implantar soluções para remover o excesso de CO2 da atmosfera”, disse Ben Tarbell, CEO da Ebb Carbon. 

O primeiro sistema da Ebb, que tem aproximadamente o tamanho de um contêiner, processa a água do mar que é bombeada para o laboratório marinho do PNNL-Sequim. A água do mar passa por uma série de membranas, que agem como um filtro. Uma vez que o ácido é removido, a água pode absorver dióxido de carbono adicional do ar e armazená-lo como bicarbonato. O bicarbonato é uma forma durável e naturalmente abundante de armazenamento de carbono no oceano.

Antes de retornar ao oceano, a água do mar tratada será mantida em tanques ao ar livre para facilitar a pesquisa, experimentação e simulação para documentar os impactos do processo no sequestro de CO2, desacidificação do oceano e biologia local. 
No fim do processo, a água do mar tratada retorna ao oceano, de acordo com as licenças existentes. A equipe de pesquisa também está avaliando o potencial para alimentar o sistema Ebb usando energia marinha, incluindo energia das ondas do mar, marés, correntes, bem como salinidade, gradientes térmicos e de pressão.

Subprodutos

O ácido de baixo teor de carbono produzido pelo sistema da Ebb pode ser usado para neutralizar resíduos alcalinos localmente. A Ebb está em negociações com operações locais de areia e cascalho que podem utilizar o ácido para neutralizar águas pluviais alcalinas.

Além do PNNL, a parceria inclui o Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA/PMEL), o Instituto Cooperativo NOAA para Estudos Climáticos, Oceânicos e de Ecossistemas (CICOES) e o Salish Sea Modeling Center, ambos da Universidade de Washington. O apoio financeiro está sendo fornecido pelo Programa de Acidificação Oceânica da NOAA (OAP), pelo Escritório de Tecnologias de Energia Hídrica (WPTO) do Departamento de Energia dos EUA e pela Fundação ClimateWorks.

“Esperamos que a tecnologia da Ebb Carbon possa ajudar a remover o CO2 da atmosfera, bem como facilitar a acidificação dos oceanos localmente”, disse Brendan Carter, cientista pesquisador da Universidade de Washington que trabalha com o Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico da NOAA.

Segundo Jan Mazurek, diretor sênior de remoção de dióxido de carbono da ClimateWorks Foundation, “embora o aumento das temperaturas esteja prejudicando os oceanos, os oceanos são um poderoso aliado no combate às mudanças climáticas.”