carbonreport.com.br

Airbus, Rolls-Royce e outras britânicas formam grupo para acelerar descarbonização da aviação

Airbus, Rolls-Royce e outras britânicas formam grupo para acelerar descarbonização da aviação

Coalizão HIA defende o uso do hidrogênio para chegar à emissão zero no setor: aeronaves da Airbus movidas a este combustível entrarão em serviço comercial a partir de 2035

Airbus, easyJet, Rolls-Royce, Ørsted, GKN Aerospace e Bristol Airport estão entre as empresas do Reino Unidos que anunciaram esta semana a criação da aliança Hydrogen in Aviation (HIA), com o objetivo de acelerar a corrida pela emissão zero de carbono na aviação, considerada uma atividade de difícil descarbonização. 

“A HIA trabalhará para garantir que o Reino Unido aproveite a enorme oportunidade que o hidrogênio apresenta tanto para a indústria da aviação quanto para o país como um todo”, detalha o comunicado.

Embora existam várias opções para descarbonizar a aviação, incluindo os combustíveis de aviação sustentáveis ​​(SAF) e combustíveis sintéticos ou baterias, a HIA acredita que deve ser dada mais atenção ao potencial de utilização direta do hidrogênio. De acordo com o anúncio feito pelas empresas, esta é uma opção de combustível alternativo muito promissora para a aviação de curta distância. 

A Airbus está desenvolvendo novas aeronaves movidas a hidrogênio para entrar em serviço comercial a partir de 2035 e a Rolls-Royce já provou que o hidrogênio poderia alimentar um motor a jato, após testes bem-sucedidos em solo, realizados em 2022. Muitos operadores de menor porte também estão fazendo rápido progresso em motores movidos a hidrogênio.

Governo deverá entrar com infraestrutura

O anúncio explica que a HIA trabalhará em conjunto com o governo, as autoridades locais e os setores da aviação e do hidrogênio para permitir que o Reino Unido “cumpra o seu potencial como líder global nesta aplicação crítica da tecnologia”. Isto incluirá a definição do caminho para a expansão da infraestrutura e dos quadros políticos, regulamentares e de segurança necessários para que a aviação comercial em grande escala possa se tornar uma realidade. 

A aliança defende que o governo precisa se concentrar em três áreas principais: apoiar a entrega da infraestrutura necessária para que o Reino Unido seja um líder global; garantir que o regime regulamentar da aviação esteja preparado para o hidrogênio; e transformar o financiamento para o apoio à Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da aviação a hidrogênio num programa de dez anos, se o Reino Unido quiser ver os benefícios econômicos e cumprir as metas de descarbonização.

“Não há dúvida de que o Reino Unido tem potencial para se tornar um líder mundial na aviação a hidrogênio, o que poderia trazer consigo um impulso de 34 mil milhões de libras por ano para a economia do país até 2050, mas para aproveitar esta oportunidade, são necessárias mudanças rápidas e a hora de agir é agora, disse Johan Lundgren, CEO da easyJet e primeiro presidente da HIA. “A HIA espera trabalhar com o governo do Reino Unido para garantir que o financiamento correto e as mudanças regulatórias e políticas sejam implementadas para acelerar a entrega da aviação com zero carbono”, acrescentou.

Grazia Vittadini, diretora de Tecnologia da Rolls-Royce, afirmou: “A colaboração é fundamental quando se trata de alcançar as nossas ambições líquidas zero como indústria, e é por isso que temos orgulho de fazer parte da Hydrogen in Aviation Alliance. A nossa contribuição para a HIA é a capacidade e a experiência que temos no pioneirismo em novas tecnologias e soluções – já testámos um motor aeronáutico moderno com hidrogénio verde e acreditamos fortemente que é uma das soluções que ajudará a descarbonizar a aviação a médio e longo prazo.”

Sabine Klauke, diretora de tecnologia da Airbus, disse: “À medida que a Airbus continua a amadurecer as tecnologias aeronáuticas necessárias para realizar voos movidos a hidrogênio, é necessária uma voz unida da indústria para garantir um ecossistema robusto de hidrogênio de fontes renováveis. Nos unirmos aos nossos pares de todo o panorama da aviação do Reino Unido numa abordagem direcionada à ação política e de investimento nos aproxima de um futuro descarbonizado da aviação”. 

Benefícios do voo movido a hidrogênio

A descarbonização da aviação é um desafio significativo que exigirá implantação e implementação bem-sucedidas de múltiplas tecnologias e abordagens, incluindo SAF, bem como hidrogênio, diz o comunicado. O hidrogênio (particularmente hidrogênio verde) tem muito potencial porque não produz emissões de carbono, em comparação com outros combustíveis.

Os especialistas sugerem que a aviação movida a hidrogênio não só será crítica para atingir o zero líquido, mas também para impulsionar a economia, afirma o texto. A estimativa é de que o rápido investimento na aviação a hidrogênio poderá fazer com que o Reino Unido garanta 60 mil novos empregos.

O uso do hidrogênio ajudará a preservar uma indústria de aviação do Reino Unido, que contribui diretamente com mais de 22 mil milhões de libras para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, mais 34 mil milhões de libras de exportação de componentes aeroespaciais. Esta indústria emprega diretamente mais de 230.000 pessoas.

Uma consulta ao governo, em 2021, revelou que o desenvolvimento de uma economia do hidrogênio no Reino Unido poderia apoiar mais de 9 mil empregos até 2030 – e 100 mil até 2050 – em todos os centros industriais do Reino Unido.

Captura de carbono

O anúncio diz ainda que 81% dos consumidores britânicos apoiam as soluções com emissões zero de carbono e acreditam que o hidrogênio é a melhor opção para descarbonizar a aviação. Quatro em cada dez pensam que é o fator mais importante, enquanto um número semelhante afirma compreender que será necessário combinar o hidrogênio com outras soluções, como o combustível de aviação sustentável e a captura direta de carbono do ar (a tecnologia conhecida como DAC).

A esmagadora maioria dos britânicos (91%) apoiaria o investimento do governo do Reino Unido tanto na produção como na utilização de hidrogénio e 89% pensam que a utilização de hidrogênio deveria ser priorizada em setores de difícil descarbonização, como a aviação. Estudo com 2.000 britânicos, conduzido pela easyJet, revelou que metade dos 50% dos inquiridos queriam ver a capacidade de viajar pelo mundo protegida e quase três quartos (71%) estão entusiasmados por voar em aviões a hidrogênio no futuro.