Jorgo Chatzimarkakis, CEO da Hydrogen Europe, destacou o Brasil e países que têm muito vento e energia solar, fundamentais para a produção de H2 verde, durante a Semana do Hidrogênio em Bruxelas
21 de novembro de 2023
A Comissão Europeia anunciou a criação de um Banco de Hidrogênio para apoiar o desenvolvimento deste combustível na matriz energética da União Europeia. A ideia é disponibilizar 800 milhões de euros (cerca de R$4,3 bilhões) para ajudar as indústrias e para alavancar investimentos privados na produção com base em fontes de energia renováveis.
O Brasil é visto como um potencial fornecedor para o continente, que terá que produzir mais 10 milhões de toneladas e importar outros 10 milhões de toneladas até 2030. O objetivo é que o hidrogênio verde, ou seja, produzido com base em energias renováveis, desempenhe um papel fundamental na descarbonização da economia europeia, emitindo cada vez menos gases poluentes que causam as mudanças climáticas.
“A crise energética que a Europa tem enfrentado até agora, em particular devido à Invasão da Rússia na Ucrânia, mostrou o quão dependentes somos. O hidrogênio pode ser produzido na Europa, principalmente em países que têm muito vento e muita energia solar. Por isso, a Espanha, a Irlanda ou a Dinamarca são países perfeitos para a produção de hidrogênio. Mas, para sermos honestos, também precisamos importar hidrogênio. E é por isso que estamos muito contentes por receber aqui a África do Sul, Brasil e Arábia Saudita, disse Jorgo Chatzimarkakis, CEO da Hydrogen Europe, uma organização que representa empresas e partes interessadas sediadas na Europa que estão comprometidas com a descarbonização.
A Comissão Europeia autorizou mais de 17 mil milhões de euros (cerca de R$90,3 milhões) em auxílios estatais para cerca de 80 projetos de hidrogênio em toda a União Europeia. “E esta semana damos o próximo passo, lançando o primeiro leilão do Banco Europeu de Hidrogênio, apoiado por 800 milhões de euros em financiamento europeu”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no discurso de abertura da Semana do Hidrogênio (European Hydrogen Week 2023), que começou nesta segunda-feira (20/1) e vai até sexta-feira, em Bruxelas. Segundo ela, mais importante ainda, é que a iniciativa atrairá financiamento do setor privado e resultará em acordos comerciais de venda.”
No mesmo evento, o vice-presidente da Comissão Europeia, Maroš Šefčovič, afirmou que o objetivo é demonstrar claramente que a União Europeia é líder global e que pode substituir os combustíveis fósseis por hidrogênio e até produzir aço com muito pouca ou nenhuma pegada de carbono. “Na verdade, também podemos ter carros, ônibus, trens e até aviões e navios movidos a hidrogênio verde, que não é poluente.”
No ano passado, o hidrogênio representou menos de 2% do consumo de energia da Europa e foi utilizado, principalmente, para produzir químicos, como plásticos e fertilizantes.
Alguns projetos já estão em curso, como o duto submarino, para transportar hidrogênio entre a Espanha e a França. A Alemanha pediu ao Reino Unido que considere a construção de uma estrutura dessas no Mar do Norte, de acordo com a Euronews. O objetivo de Portugal, até 2030, é duplicar a sua produção, de 2,5 para 5,5 Gigawatts.