26 de abril de 2024
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou nesta quinta-feira (25/4) o Caderno de Captura e Armazenamento de Carbono no Brasil – contribuições para áreas de interesse. O evento contou com players do setor de energia e focou principalmente as sinergias das atividades de óleo e gás e a tecnologia de captura, transporte, armazenamento de carbono (Carbon Capture and Storage – CCS).
Em 2023 a EPE fez o mapeamento do potencial qualitativo do território nacional para desenvolvimento dos primeiros projetos de armazenamento geológico de carbono no Brasil. Segundo presidente da EPE, Thiago Prado, o conhecimento da heterogeneidade de áreas e possibilidades de utilização desses espaços é decisivo para o planejamento da transição energética do país.
Na avaliação dele, as atividades CCUS estão entre as alternativas que mais têm despertado a atenção durante a corrida pela descarbonização das economias no mundo. “Essa tecnologia possui grande alinhamento ao conhecimento adquirido por décadas pelo setor de óleo e gás e pode se beneficiar de uma das forças de trabalho mais vanguardistas do mundo e de uma cadeia de valor cuja qualidade é internacionalmente reconhecida.
O evento aconteceu um dia depois de o Ministério das Minas e Energia (MME) e a EPE terem realizado debate sobre o papel do setor de óleo e gás na transição energética brasileira. A iniciativa buscou compreender como o setor de óleo e gás pode se adaptar e contribuir para o movimento global de descarbonização.
Segundo Ronan Ávila Magalhães, superintendente adjunto de Avaliação Geológica e Econômica da ANP, o CCUS é um instrumento fundamental no portfólio de ações da transição energética, que faz muito sentido no Brasil. Dados sísmicos e de bacias sedimentares e marinhas, além de outras informações geológicas, vêm sendo levantados durante ao longo de mais de 50 anos, acrescentou. “Para o CCS, é uma ótima notícia, porque agora tem uma gama de informações em locais que, inclusive, não têm petróleo” e podem ser revisitadas agora, sob a ótica da reinjeção do dióxido de carbono. Além de reinterpretar os dados, acrescentou, será preciso treinar pessoas para essas atividades.
Entre os participantes, estiveram Jair Rodrigues dos Anjos, diretor Diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural do MME, Ildeson Prates Bastos e Luciano Lobo, respectivamente superintendentes de Avaliação Geológica e Econômica e de Exploração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Participaram ainda representantes de empresas e organizações do setor.
O Gerente de CCUS da Petrobras, Claudio Ziglio, disse que a empresa começou um projeto piloto de CCUS no Rio de Janeiro que vai capturar anualmente 100 mil toneladas de CO2 emitido no processamento de gás natural no terminal de Cabiúnas, no município de Macaé (RJ). O CO2 será transportado para uma estação da empresa em Barra do Furado, entre os municípios de Campos e Quissamã, e armazenado em reservatório salino exaurido de petróleo.
A empresa já protocolou pedido no Instituto Estadual do Ambiente (INEA) do Rio de Janeiro de licença ambiental do projeto. A iniciativa foi lançada no seu Plano de Negócios e deverá usar recursos do programa de investimentos obrigatórios em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), aprovados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O projeto deve ter duração de três anos, somando a captura de 300 mil toneladas de CO2.
Cabiúnas é um dos três projetos de CCUS que serão desenvolvidos pela Petrobras. Além do Rio de Janeiro, a empresa está desenvolvendo estudos para implantação da tecnologia no Espírito Santo e em São Paulo, em parceria com outras empresas. Segundo Ziglio, o projeto de Cabiúnas será um salto de conhecimento da empresa nesse negócio e também uma espécie de “piloto regulatório”, para testar o arcabouço regulatório existente.
A gerente de Suporte de Portfólio de Pesquisa da Repsol Sinopec, Cassiane Nunes, disse que a empresa está desenvolvendo um projeto piloto para captura de cinco mil toneladas/ano de carbono direto do ar (DAC) em uma planta na região Sul, que armazenará o CO2 mineralizado em rochas vulcânicas do Paraná. Um primeiro reator da planta, para captar 300 toneladas, deve entrar em operação no próximo mês de julho. A empresa pretende fazer do Brasil um pólo inovador de tecnologias de negativação de emissão, como a captura direta do carbono da atmosfera, tecnologia considerada a principal para atingir as metas de redução de emissão.
O evento contou ainda com a participação de Isabela Morbach, do CCS Brasil, de Rossano Quilombo, da área de descarbonização da Vale, e de Claudia Brum, vice-presidente de Marketing da Equinor.