Bayer, Ikea, Iberdrola e Volvo também assinam manifesto pedindo às lideranças globais políticas, recursos e apoio dos países ricos para aumentar oferta de energia limpa
Empresas com quase US$ 1 trilhão em receitas anuais acabam de divulgar um manifesto em que pedem a aceleração da descarbonização da economia. Em carta dirigida a governos e lideranças globais que vão participar da COP28, em novembro, em Dubai, 131 companhias reunidas pela Coalizão We Mean Business pedem a aceleração da transição energética e o fim gradual da queima de combustíveis fósseis, principal causa das alterações climáticas.
De acordo com o texto, o objetivo deve ser acelerar a transição para a energia limpas alcançar sistemas energéticos 100% descarbonizados até 2035 nas economias avançadas, e até 2040 para outros países.
A iniciativa conclama outras empresas a aderir à campanha “Fossil to Clean”, que visa amplificar a mensagem sobre a urgência da descarbonização a legisladores globais, setor financeiro e de combustíveis fósseis. No manifesto, as signatárias celebram o crescimento exponencial de soluções que tornaram a energia limpa mais barata e mais acessível do que nunca. No entanto, destacam que as emissões globais de gases de efeito estufa continuam aumentando pela queima continuada de combustíveis fósseis, que segundo elas precisa ser eliminada.
“As nossas empresas estão sentindo os impactos e os custos do aumento dos fenômenos meteorológicos extremos resultantes das alterações climáticas. Reconhecemos a necessidade de fazer uma transição de uma forma que salvaguarde a nossa futura prosperidade coletiva num planeta habitável. Isso significa reduzir as nossas emissões, adotar soluções limpas e reduzir a utilização de combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global, em linha com o objetivo final do Acordo de Paris de 1,5°C.”
Destacam que, como compradores e utilizadores de energia no sistema global, têm um papel importante a desempenhar no envio de um sinal claro às lideranças globais. “Estamos tomando medidas e trabalhando no sentido de eliminar gradualmente a utilização de combustíveis fósseis. É por isso que estamos definindo metas com base científica, desenvolvendo planos de ação para a transição climática, investindo em soluções líquidas zero e divulgando o nosso progresso. A ação climática é boa para os negócios agora e no futuro.”
Para descarbonizar o sistema energético global, segundo o texto, é preciso aumentar a energia limpa tão rapidamente quanto eliminar gradualmente a utilização e produção de combustíveis fósseis. “Isto significa acelerar a revolução das energias renováveis, eletrificar setores-chave e melhorar enormemente a eficiência – criando assim as condições para uma transição rápida, bem gerida e justa para longe dos combustíveis fósseis. A transição para emissões líquidas zero poderá impulsionar o PIB global em 4% até 2030.”
As empresas que assinam a carta dizem que não podem fazer esta transição sozinhas de forma segura e eficiente. Por isso, dizem que as instituições financeiras, os produtores de combustíveis fósseis e os governos têm papéis cruciais a desempenhar.
Pedem que as instituições financeiras trabalhem em colaboração com decisores políticos para garantir que o capital está sendo alocado para acelerar a transição para a energia limpa. Apelam também para que os produtores de combustíveis fósseis se juntem a elas na definição de metas de emissões líquidas zero com base científica e no desenvolvimento e publicação de planos de transição com medidas de curto e longo prazos para descarbonizar operações comerciais, produtos e serviços.
Isto inclui a transferência de investimentos dos combustíveis fósseis para a energia limpa, a fim de reduzir para metade as emissões de gases de efeito estufa até 2030.
“Os governos devem definir as condições, políticas, regulamentos e investimentos propícios para uma transição justa para energias limpas. As decisões tomadas hoje são fundamentais para proteger as pessoas e garantir um futuro habitável, saudável e próspero. A certeza política permitirá às empresas desenvolver alternativas acessíveis e confiáveis a curto prazo aos combustíveis fósseis para as suas operações e cadeias de abastecimento.”
A carta apela aos participantes da COP28 para que cheguem a uma meta global de triplicar a capacidade de eletricidade renovável e duplicar a implantação da eficiência energética até 2030. Para isso, instam os governos a definir metas e prazos para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis em linha com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C, apoiados por planos e políticas nacionais para garantir uma transição justa para os trabalhadores e comunidades afetados. Diz ainda que os países mais ricos têm a responsabilidade de ser os primeiros a agir e apoiar os demais nos seus esforços.
O apoio aos países do Sul Global deve ocorrer principalmente por meio da disponibilização de financiamento que não exacerbe a dívida soberana dos países ou as torne insustentáveis. A carta também pede que sejam emitidos sinais claros através de um preço significativo para o carbono que reflita todos os custos das alterações climáticas, bem como a reforma e redirecionamento dos subsídios aos combustíveis fósseis para a eficiência energética, energias renováveis e outras medidas que apoiem uma transição para energia limpa equitativa e centrada nas pessoas.