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Relatório de 2023 da TCFD revela grande aumento das divulgações corporativas sobre o clima

Relatório de 2023 da TCFD revela grande aumento das divulgações corporativas sobre o clima

A partir de agora, a tarefa de supervisionar o progresso dos relatórios empresariais climáticos será do Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB)

O sexto e último relatório da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (Task Force on Climate Related Financial Disclosures – TCFD) revela um aumento significativo das divulgações corporativas relacionadas ao clima. Com o auxílio de inteligência artificial, foram analisados dados públicos de mais de 1.350 grandes empresas.

A divulgação de riscos e oportunidades relacionados ao clima foi o destaque, identificada em 62% das empresas em 2022, quase o dobro da proporção verificada em 2020, de 36%. A segunda maior proporção foi de divulgações sobre supervisão do conselho, em até 64% dos casos, contra 39% em 2020. Metas relacionadas ao clima ficaram em terceiro lugar, informadas por 66% em 2022, em comparação com apenas 42% em 2020.

No geral, em 2022, 90% das companhias divulgaram informações alinhadas a pelo menos uma das 11 recomendações da TCFD, frente a 80% em 2021 e 64% em 2020. Mais da metade (58%) reportaram no mínimo cinco recomendações, acima dos 40% no ano passado e dos 18% verificados em 2020. A média de divulgações climáticas por empresa atingiu 5,3 em 2022, um aumento de 66% em relação aos 3,2 de 2020.

A categoria com o menor nível de reporte em cada um dos três anos, de acordo com o estudo, foi a das estratégias das empresas em diferentes cenários relacionados com o clima, com apenas 11% das empresas a divulgarem esta recomendação em 2022. Segundo o documento, 90% das empresas classificaram esta divulgação recomendada como algo ou muito difícil de implementar.

Com base em uma pesquisa TCFD de 2022, gestores e proprietários de ativos indicaram o principal desafio para os relatórios relacionados com o clima são informações insuficientes das empresas investidas.

Passagem de bastão

A partir de agora, a tarefa de supervisionar o progresso dos relatórios empresariais climáticos será do Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (International Sustainability Standards Board – ISSB) da Fundação IFRS – ISSB), que lançou recentemente padrões globais para a sustentabilidade e relatórios climáticos.

Formada pelo Conselho de Estabilidade Financeira em 2015, a TCFD tinha como principal objetivo criar padrões de divulgação consistentes, que ajudassem os investidores e as partes interessadas a avaliar o risco financeiro das empresas decorrente de questões relacionadas com o clima. A norma de divulgação sobre o clima do ISSB integra em grande parte as recomendações da TCFD.

De acordo com o relatório deste ano, nos últimos meses, a Força-Tarefa tem notado um foco maior das empresas na inclusão de informações relacionadas ao clima em seus registros financeiros. A TCFD cita que a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos criou uma força-tarefa para identificar possíveis violações, incluindo lacunas materiais ou distorções nas divulgações das empresas sobre seus riscos climáticos.

A Autoridade de Valores Mobiliários Europeia também incluiu questões relacionadas ao clima entre as suas prioridades para monitorar e avaliar a conformidade das empresas públicas. O Conselho de Reporte Financeiro (Financial Reporting Council)  do Reino Unido realizou uma revisão de como as empresas explicaram a ligação entre suas metas de neutralidade de carbono e planos de transição em suas demonstrações financeiras.

De acordo com o estudo, a Força-Tarefa acredita que muitas empresas precisarão incorporar questões relacionadas com o clima nos seus registos financeiros. Em 2022, os desastres naturais resultaram em perdas econômicas de US$ 284 bilhões, das quais menos da metade – US$ 125 bilhões – foram cobertas por seguros.

Desde 2017, a média anual das perdas seguradas causadas por desastres naturais foi de US$ 110 bilhões, mais que o dobro da média de US$ 52 bilhões nos últimos cinco anos.