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Startup de biotecnologia testa capacidade de plantas bioengenheiradas capturarem mais CO2

Startup de biotecnologia testa capacidade de plantas bioengenheiradas capturarem mais CO2

O Frontier Fund, criado por empresas como Stripe, Alphabet, Shopify, Meta e McKinsey, está investindo no negócio e promete dispor de US$ 1 bi para remoção de carbono de 2022 a 2030

A Living Carbon é uma startup de biotecnologia que está testando a capacidade de árvores melhoradas geneticamente capturarem e armazenarem mais dióxido de carbono (CO2) e, assim, contribuírem para o combate às mudanças climáticas. De acordo com a empresa, as espécies bioengenheiradas também atingem grande porte rapidamente e podem capturar até 27% mais carbono. A empresa espera usar essas plantas para vender créditos de compensação de carbono.

Até agora, a startup levantou investimentos superiores a US$ 36 milhões e recebeu US$ 500 mil em subsídios do Departamento de Energia dos Estados Unidos para levar adiante o projeto. A Living Carbon já plantou mais de 170 mil árvores e está trabalhando com a Universidade do Estado do Oregon (Oregon State University) em um teste de campo que vai durar quatro anos, envolvendo mais de 600 árvores, informou o CBS News Bay Area, que falou com o CEO da Living Carbon, Maddie Hall.

“Living Carbon usa ferramentas biotecnológicas avançadas para melhorar a taxa de crescimento, captura de carbono e resiliência climática das árvores”, disse Hall.

Um grupo de empresas com atuação global apoia o Frontier Fund, que procura acelerar o desenvolvimento de tecnologias de remoção de carbono por meio do investimento em startups promissoras como a Living Carbon. Criado pela Stripe, Alphabet, Shopify, Meta, McKinsey e outras empresas, o fundo tem o compromisso de efetuar uma compra inicial de US$ 1 bi de remoção permanente de carbono de 2022 a 2030.

A Living Carbon também oference projetos de remoção de carbono “de alta qualidade nos EUA, com verdadeira adicionalidade” e outros benefícios como “capacidade de capturar mais carbono em menos terra”. A startup diz aque utiliza terras que já estão abandonadas ou degradadas, como minas exauridas ou terras agrícolas degradadas. “As plantações mistas da Living Carbon geralmente podem ser plantadas sem preparação do solo. Nossas mudas crescem mais rápido, evitando o estabelecimento de arbustos invasores”, diz a empresa.

A solução não é, porém, unanimidade. O Global Justice Ecology Project  diz que as soluções baseadas na natureza não se destinam a enfrentar seriamente a crise climática, mas a fornecer compensações e outras desculpas que permitam que a indústria e os governos mantenham o status quo. Segundo esta entidade, árvores geneticamente modificadas para compensações agrícolas e florestais, em bora possam parecer atraentes no papel, podem exacerbar ainda mais a crise climática, ameaçando os ecossistemas florestais, os povos indígenas e a biodiversidade, especialmente nas florestas orientais.

Mais capacidade de fotossíntese

Para aumentar a capacidade dessas árvores de realizar a fotossíntese, os cientistas incorporaram genes de outras plantas, incluindo algas, no ADN do choupo. A empresa afirma que suas mudas podem acumular 50% mais biomassa e capturar mais que o dobro de carbono por acre (cerca de 4 mil metros quadrados).

A Living Carbon está agora testando suas árvores modificadas ao ar livre, em terras subutilizadas e danificadas, incluindo uma área de madeira de lei na Geórgia e uma mina abandonada em Ohio. “Nós nos concentramos especificamente em plantar essas árvores não em terras onde as árvores crescem bem, mas onde houve algum tipo de perturbação humana”, disse Hall. “Nós nos concentramos especificamente em plantar essas árvores não em terras onde as árvores crescem bem, mas onde houve algum tipo de perturbação humana”, disse Hall.

Por meio da fotossíntese, as plantas absorvem dióxido de carbono e expiram oxigênio. No entanto, esse equilíbrio tem estado ameaçado devido a muitos fatores, incluindo o desmatamento, por meio do corte ou queima de áreas de vegetação em grande escala. O desmatamento e o mau uso do solo são os maiores causadores de emissões de gases de efeito estufa no Brasil.

Crescimento quatro vezes mais rápido

O estudo  “Eficiência fotossintética aprimorada para maior assimilação de carbono e produção de biomassa lenhosa em álamo híbrido projetado”, publicado pela revista Forests concluiu que que as árvores modificadas geneticamente cresceram até 53% mais rápido em apenas quatro meses, quando comparadas às plantas padrão. “Aplicação de técnicas de biologia sintética em espécies de plantas lenhosas para o aprimoramento da fotossíntese, com o objetivo de aumentar significativamente a capacidade das árvores de extrair CO2 atmosférico, não foi relatado antes deste trabalho. Aqui, a partir de dois experimentos de crescimento separados, demonstramos a introdução bem-sucedida de uma via de desvio de fotorrespiração em uma espécie de árvore, resultando em aumento da biomassa pela primeira vez”, diz o trabalho.

“Um evento transgênico de chumbo com expressão bem-sucedida dos genes da via de bypass mostrou aumento da eficiência fotossintética, levando a 35%-53% mais acúmulo de biomassa seca acima do solo ao longo de quatro meses de crescimento em um ambiente controlado, equivalente a 17%-27% mais CO2 fixado do ar. Até onde sabemos, esta é a primeira vez que essa engenharia é tentada em uma espécie de árvore com o propósito de remoção de carbono”, acrescenta o estudo.

Os autores dizem que os resultados forneceram uma prova de conceito para o aprimoramento da fotossíntese em árvores e abre as portas para a engenharia de árvores para ajudar a combater as mudanças climáticas. “Os sistemas biológicos são poderosos quando se trata de redução e armazenamento de carbono, mas, ao mesmo tempo, são complexos”, pontuam. Segundo eles, é um objetivo desafiante projetar árvores para causar um impacto positivo significativo nas alterações climáticas. A utilização da crescente base de conhecimento para testar potenciais estratégias biotecnológicas em árvores é um bom começo, dizem.

Fontes: este texto foi baseado em informações do CBS News Bay Area, Living Carbon, Frontier Fund, do Global Justice Ecology e da Forests