Enquanto governo avança na regulação do mercado de carbono, bolsa vai se concentrar em serviços de consultoria, educação e treinamento para empresas
Mariza Louven
Taiwan abre a sua Bolsa de Soluções de Carbono nesta segunda-feira (6/8), segundo noticiou hoje o Taipei Times. O projeto vai acontecer em etapas, uma boa ideia também para o Rio de Janeiro, que tem a sua bolsa de carbono em gestação.
Enquanto o governo de Taiwan avança na regulação do comércio de carbono, a Bolsa de Soluções de Carbono se concentrará, inicialmente, no fornecimento de serviços de consulta para questões como taxas e tributos domésticos de carbono, impostos internacionais de fronteira de carbono e neutralidade de carbono na cadeia de suprimentos. Estão previstos, ainda, nesta primeira fase, projetos de educação e treinamento para empresas.
O comércio de créditos de carbono de Taiwan virá mais tarde, porque precisa atender aos regulamentos e políticas estipulados pela Lei de Resposta às Mudanças Climáticas local. De acordo com a notícia, a Administração de Proteção Ambiental de Taiwan ainda está elaborando as regras de precificação e comércio de carbono.
A Bolsa de Soluções de Carbono é uma iniciativa da Bolsa de Valores de Taiwan e do Fundo de Desenvolvimento Nacional, que investiram conjuntamente o equivalente a US$ 47,33 milhões no projeto. De acordo com a Bolsa de Valores de Taiwan, o comércio transfronteiriço de carbono exigiria mais negociações e colaboração com instituições internacionais de credenciamento com base nas necessidades das empresas locais.
Marco no caminho net zero
A iniciativa está em linha com a meta de Taiwan de alcançar emissões de gases de efeito estufa líquidas zero até 2050, ao mesmo tempo em que atende à necessidade das empresas locais de negociar créditos de carbono e cumprir as exigências de grandes marcas globais em termos de emissões de carbono.
Se uma empresa reduzir suas emissões, terá créditos de carbono em excesso que poderão ser vendidos a outras empresas com emissões de carbono mais altas; Já as indústrias ou empresas com altas emissões de carbono podem comprar créditos de carbono para compensar suas pegadas de carbono e atingir seus objetivos.
A Associação Nacional Chinesa de Indústria e Comércio, com sede em Taipei, saudou o lançamento, dizendo em um comunicado que é um marco importante no caminho para alcançar emissões líquidas zero até 2050. O texto insta o governo de Taiwan a estabelecer um sistema legal para comercialização de créditos de carbono o mais rápido possível, ao mesmo tempo em que implementa o mecanismo de comercialização em etapas.
O plano é a bolsa de carbono de Taiwan aprender com seus pares internacionais a desenvolver sistemas de precificação e comércio de carbono sólidos e alinhados com os padrões internacionais, para que as empresas domésticas possam planejar caminhos de redução de carbono em tempo hábil e as indústrias de Taiwan possam manter seus posição-chave na cadeia de suprimentos global.
Disputa geopolítica
Taiwan está no centro de disputas geopolíticas sobre as quais o governo Lula se manifestou recentemente. A ilha tem um governo independente da China desde 1949, mas os chineses a consideram uma província dissidente, parte de seu território.
A aproximação do governo local com os Estados Unidos, em 2022, aumentou as tensões entre os chineses e a ilha.
Durante a visita da então presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi a Taiwan, no começo de agosto passado, o governo chinês realizou uma série de operações militares ao redor da ilha e sinalizou com a possibilidade de intervenção com uso de força, se considerasse necessário.
Poucos dias depois do encerramento de exercícios militares chineses ao redor da ilha, após visita do presidente Lula ao presidente chinês Xi Jinping, os governos do Brasil e da china divulgaram declaração conjunta na qual o Brasil reiterou que considera Taiwan como “parte inseparável do território chinês”.