carbonreport.com.br

Assembleia Geral da ONU debate como acelerar agenda 2030 de combate às mudanças climáticas

Assembleia Geral da ONU debate como acelerar agenda 2030 de combate às mudanças climáticas

Presidente faz o tradicional discurso de abertura, oportunidade em que deverá falar sobre a queda no desmatamento da Amazônia, a nova NDC brasileira e iniciativas de descarbonização da economia

Chefes de Estado e de governo participam esta semana da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, Estados Unidos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou na cidade na noite deste sábado (16). O brasileiro fará o discurso de abertura do evento, dia 19. Durante o encontro, as lideranças mundiais vão debater como acelerar a Agenda 2030 de combate às mudanças climáticas e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

O resultado das discussões será a emissão de uma declaração política negociada entre os 193 membros da ONU a respeito de como chegar a 2030. O presidente brasileiro deverá permanecer na cidade até quarta-feira, para participar também de reuniões bilaterais – está previsto encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden – e com empresários. No encontro com Biden, é possível que Lula trate do empréstimo de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) prometido pelo americano em abril para capitalizar o Fundo Amazônia.

De acordo com o Itamaraty, o discurso na ONU será o ponto alto da agenda internacional do presidente Lula neste ano. Ele esteve na reunião do BRICS, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no G20 e no G77+China. Essa será a oitava vez que o presidente Lula irá abrir o encontro.

Especificamente em relação à questão climática, Lula deve aproveitar para divulgar dados positivos como a queda do desmatamento da Amazônia, de 48% de janeiro a agosto, evitando emissões de quase 200 milhões de toneladas de carbono na atmosfera. O presidente também poderá falar sobre medidas climáticas recentes, como a atualização da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, reformulada para voltar aos níveis de ambição do Acordo de Paris, em 2015 – após o retrocesso no governo de Jair Bolsonaro, que promoveu mudança na base de cálculo que poderia levar a emissões de 400 milhões de toneladas de CO2 a mais do que a meta original.

Recentemente, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Transição Energética e o programa Combustível do Futuro, para descarbonização dos transportes.

Cúpula do G77+China também tratou de clima

Lula foi a Nova York vindo de Cuba, onde participou da Cúpula do G77+China, a reunião dos países em desenvolvimento que aconteceu sábado em Havana. Durante o evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a importância da “justiça climática” e da “justiça financeira” no mundo. Segundo ele, os países ricos precisam cumprir a promessa de US$ 100 bilhões, de dobrar o financiamento para adaptação financeira até 2025 e também recapitalizar o Fundo Verde do Clima.

No fim do encontro de Havana, os países emitiram uma declaração conjunta em que defenderam o papel na tecnologia no enfrentamento às mudanças climáticas, cujos efeitos têm impacto desproporcional nas nações em desenvolvimento:

“Reconhecemos que todas as barreiras tecnológicas, nomeadamente as relatadas pelo IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas], limitam a adaptação às alterações climáticas e a implementação das Contribuições Nacionais Determinadas (NDC) dos países em desenvolvimento. Reiteramos, a este respeito, a necessidade de uma resposta eficaz à ameaça urgente das alterações climáticas, especialmente através do aumento da prestação de financiamento, da transferência de tecnologia e do reforço de capacidades com base nas necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento, de acordo com os princípios e o objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e do seu Acordo de Paris, incluindo a equidade e as responsabilidades comuns mas diferenciadas e respectivas capacidades, bem como com base na melhor ciência disponível.”

Foco no clima

A ONU também realiza na quarta-feira a Cúpula sobre a Ambição Climática 2023, uma oportunidade para os países, empresas e sociedade civil intensificarem os esforços para combater as mudanças climáticas. Segundo Guterres, este evento proporcionará uma plataforma para a “linha de frente”, ou seja, aqueles que estão mais empenhados na ação climática e podem partilhar as melhores práticas.

Haddad na Climate Week

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também está em Nova York, onde participará da Climate Week (Semana do Clima), evento que discute iniciativas para enfrentar as mudanças climáticas. Haddad apresentará a investidores, autoridades e acadêmicos o Plano de Transformação Ecológica do Brasil. Entre os compromissos agendados, estão reuniões com empresários, participação em fóruns e encontros com especialistas e tomadores de decisão.

Nesta segunda-feira (18), o ministro participará de evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na Bolsa de Nova York e de encontros acadêmicos promovidos pelas Universidades de Harvard e de Columbia. No evento de Harvard, está previsto um encontro bilateral com o enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry.

Na terça-feira (19), Haddad participará de um café da manhã organizado pelo Instituto Igarapé e pela Coalizão pela Amazônia. Em seguida, o ministro se reunirá com Ian Bremmer, CEO da Eurasia, e mais 20 investidores; e Michael Bloomberg, empresário e ex-prefeito de Nova Iorque. Na quarta, o ministro acompanhará o presidente Lula na Cúpula de Ambição Climática, na sede da ONU e da reunião do presidente com Biden.